A Comissão Europeia garantiu esta sexta-feira que mantém o objetivo de enviar um milhão de munições de grande calibre para a Ucrânia até março de 2024, sem confirmar eventuais atrasos na aquisição destes projéteis..Numa resposta enviada à Lusa, o porta-voz da Comissão para os Negócios Estrangeiros e Política de Segurança, Peter Stano, sustentou que "a meta do milhão de munições continua a ser um importante objetivo político"..Contudo, o porta-voz não quis comentar uma notícia publicada pela Bloomberg na quinta-feira, que refere que até hoje os países da União Europeia (UE) apenas adquiriram cerca de 30% do total que prometeram enviar para a Ucrânia.."Infelizmente, não estamos em posição de avançar com números [de aquisição] para cada Estado-membro [...]. Não podemos comentar o valor das encomendas [de munições], os preços por unidade, ou revelar os nomes dos fabricantes", acrescentou o porta-voz..Peter Stano acrescentou que estão a decorrer "outras negociações para cada tipo de munição de artilharia e mísseis": "Em paralelo, outros Estados-membros, como a Alemanha ou França, têm projetos nacionais de aquisição"..De acordo com um artigo publicado pela agência Bloomberg na quinta-feira, até hoje os 27 da UE apenas conseguiram satisfazer 30% do objetivo de um milhão de munições para auxiliar as Forças Armadas ucranianas nos combates contra as tropas russas, que iniciaram uma ofensiva militar no país vizinho em fevereiro de 2022..A Bloomberg consultou assinaturas de contratos para aquisição de munições pelos países da UE e outros documentos, bem como falou com fontes conhecedoras do processo, que prestaram declarações sob a condição de anonimato..No final de março, os 27 aprovaram um pacote de dois mil milhões de euros para a aquisição de munições de artilharia para enviar para a Ucrânia. Metade do valor é para entrega imediata de munições de grande calibre. Os outros mil milhões são para aquisição conjunta pelos países da UE..A invasão militar russa iniciada há mais de um ano e meio esgotou rapidamente a quantidade de munições que a Ucrânia tinha disponíveis para defender o seu território..Os países da UE e outros aliados auxiliaram Kiev com o envio de munições, especificamente as de 155 milímetros, mas isso teve sérias repercussões nos stocks dos Estados-membros do bloco europeu..Em maio, a UE anunciou, através do alto-representante para os Negócios Estrangeiros, Josep Borrell, que os 27 tinham enviado mais de 25% do total de um milhão de munições..Cinco meses depois os Estados-membros enviaram apenas mais 5% do objetivo que tinha sido formalmente anunciado, segundo a agência Bloomberg..O plano é reforçar as munições em 12 meses, ou seja, o objetivo tem de ser cumprido até março de 2024, mas a este ritmo, a UE poderá não conseguir..A Bloomberg acrescentou que os Estados Unidos já pressionaram o bloco político-económico europeu para acelerar a aquisição das munições, mas a Casa Branca rejeitou comentar estas alegações..As munições de grande calibre são uma necessidade cada vez mais premente da Ucrânia. A contraofensiva está a ser feita a um ritmo mais lento do que o inicialmente previsto..No início da invasão, a Rússia chegou a ocupar quase 27% do território ucraniano, mas as Forças Armadas ucranianas foram recuperando território e no início do ano a previsão era de que Moscovo controlava apenas 16% do território..A percentagem será hoje ligeiramente menor, mas o território que está sob ocupação russa, em Donetsk e em Lugansk, assim como a Crimeia -- península ucraniana anexada em 2014 -, está bem protegido, pelo que dificulta a travessia de carros de combate..Além disso, a longa e sangrenta batalha por Bakhmut fez cair ainda mais o stock de munições que Kiev tinha à disposição.