Comida, dormida e projetos de vida para sem-abrigo

Carlos Moedas promete criar nova unidade para responder às necessidades dos sem-abrigo. Há várias ajudas disponíveis.
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Ainda não é meio-dia e já há uma longa fila de pessoas à porta do Refeitório dos Anjos, em Lisboa. "Temos capacidade para servir 500 refeições por dia. Servimos almoços e jantares, todos os dias do ano, incluindo festividades", avança João Firme, responsável pelo Centro de Acolhimento dos Anjos (CASA) onde funciona o refeitório.

"Esta resposta existe desde 1914 mas, hoje em dia, é mais do que um refeitório. Temos lavandaria e banco de roupa, um centro de acolhimento para 15 indivíduos do sexo masculino, ateliers ocupacionais e temos, ainda um espaço-emprego,", explica o responsável por esta unidade. Porém, não basta ter fome para ir ao refeitório, que é da responsabilidade da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (SCML), pedir um prato de comida e comer. "Todo o apoio que aqui disponibilizamos é para utentes da Santa Casa, devidamente referenciados."

Ou seja, a pessoa em situação de sem-abrigo deve, primeiro, dirigir-se aos serviços da SCML ou à Unidade de Intervenção da Pessoa Sem-Abrigo (UIPSA), no Cais do Sodré, em Lisboa.

A comunidade Vida e Paz (CVP) também tem respostas além da distribuição de lanches, na rua. Na Quinta do Lavrado, em Lisboa, fica a Unidade Integrativa para as Pessoas em Situação de Sem-Abrigo (UIPSSA). "Acolhemos 40 pessoas: homens, mulheres e casais. Temos a particularidade de receber pessoas com animais de estimação", observa José Alfredo Martins, coordenador do Centro de Primeira Linha da CVP.

Por aqui, além do alojamento, os utentes - que são sinalizados pelas equipas de rua ou, por sua iniciativa, têm de se dirigir ao Espaço Aberto ao Diálogo, em Chelas, onde o seu caso será encaminhado - fazem seis refeições diárias e têm acesso a instalações sanitárias, cuidados médicos e apoio "no seu projeto de vida".

"O que queremos é estabelecer um plano para que a pessoa depois se possa autonomizar desta estrutura." Há quem procure emprego, outros precisam de ajuda para deixar a dependência do álcool ou das drogas.

Já no Centro de Acolhimento do Beato, uma infraestrutura situada em instalações municipais e gerida pela Associação Vitae, é disponibilizado alojamento de emergência. "As pessoas podem vir cá bater à porta e, se houver vaga, damos dormida. O problema é que, atualmente, é raro termos vaga", analisa a coordenadora, Marta Ferreira.

Além deste acolhimento de emergência, existem duas comunidades de inserção, uma masculina e uma feminina, e apoio médico, incluindo o programa de substituição de heroína por metadona. O Centro de Acolhimento do Beato serve 271 utentes.

Carlos Moedas, presidente da Câmara de Lisboa, reconhece que os sem-abrigo são "um problema grave que necessita de respostas fortes de todos". O edil vai mais longe e, com o Plano Municipal para a Pessoa Sem-Abrigo 2024/2030 aprovado, promete: "Vamos criar uma nova unidade com todas as valências para reforçar a capacidade de resposta". E finaliza pedindo mais apoio: "Este é um trabalho sem fim. O Estado Central tem de dar respostas concretas e assumir as suas responsabilidades."

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