Clientes do BPP já têm sinais de acordo com nova administração

O novo ano trouxe uma mudança na relação entre a administração do Banco Privado Português ( BPP ) e os clientes que se sentem lesados pelo comportamento da instituição.
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A abertura de uma via de diálogo entre os advogados de ambos os lados possibilita perspectivar um desfecho mais pacífico do que aquele que se pensava quando os clientes decidiram recorrer aos tribunais, no final do ano passado. No entanto, um eventual acordo entre as duas partes ainda está longe de ser uma realidade, dependendo da concretização de algumas medidas.

"Acredito que nas próximas semanas, se for mantida a via do diálogo, haverá uma boa possibilidade de chegar a um acordo", revelou ao DN Luís Miguel Henrique, advogado da MHG Associados, que tem liderado o grupo de clientes queixosos com a actuação do banco. Mostrando-se "optimista" acerca de um desfecho que acautele os interesses dos seus clientes, Miguel Henrique recusou esclarecer os moldes que esse acordo pode assumir, alegando um compromisso de confidencialidade estabelecido com a instituição.

Os clientes, através dos seus representantes legais, já conseguiram reunir-se com os advogados do banco, da consultora Deloitte, com o Banco de Portugal e Comissão do Mercado de Valores Mobiliários e com alguns grupos parlamentares.

Refira-se que o grupo de advogados que está a defender o BPP é liderado por José Miguel Júdice, presidente da Mesa da Assembleia Geral do banco durante a liderança de João Rendeiro.

Aumento de capital?

Um eventual acordo entre as duas partes passará, decisivamente, pela solução que o banco encontrar para o financiamento da sua actividade. Segundo apurou o DN junto de fontes do sector financeiro, o BPP tem, neste momento, duas vias para solidificar a sua capacidade financeira. Uma delas é o aumento de capital, que dependerá da disponibilidade dos accionistas em injectar recursos próprios.

Recorde-se que o reforço de capital de 60 milhões de euros acabou por cair da ordem de trabalhos da Assembleia Geral em meados de Dezembro.

A outra solução inclui o reforço do empréstimo de 450 milhões de euros disponibilizado por seis bancos portugueses, debaixo do aval do Estado. A gestão do BPP deverá entregar em breve as linhas do plano de recuperação para aprovação pelo Banco de Portugal. Com a luz verde do regulador, avançará para a resolução dos problemas.

Independentemente das vias de financiamento do banco, a minimização do conflito com os clientes terá de pressupor um compromisso com estes para o resgate gradual das suas poupanças. Sob pena de descapitalizar totalmente a instituição.

No centro do conflito está o bloqueio das contas pela gestão do banco (tanto sob a condução de João Rendeiro como do novo presidente, Adão da Fonseca) durante algumas semanas. Uma situação agravada pela distinção entre produtos de balanço (depósitos "salvos" pela injecção dos 450 milhões de euros) e fora de balanço (produtos financeiros não incluídos no pacote garantido pelo Estado).

Os clientes reclamam que esses produtos financeiros foram vendidos sob a capa de depósitos, pelo que também devem ser pagos pelo empréstimo de 450 milhões de euros.

450 milhões de euros

foi o empréstimo de seis bancos portugueses ao BPP ao abrigo de uma garantia do Estado

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