Ciclo dedicado a John Carpenter começa hoje na Cinemateca

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Cinema. 'Memórias de um Homem Bem Visível'

No seu indispensável dicionário de cinema, David Thomson cita John Carpenter como tendo dito que não se poderia sentir mais feliz do que se tivesse conseguido trabalhar para os grandes estúdios de Hollywood nos anos de ouro destes, as décadas de 30 e de 40.

Isto saído da boca de um realizador que é conhecido como um dos grandes"independentes" do cinema americano, um dos mais emblemáticos individualistas de Hollywood. E que ainda por cima teve um punhado de más experiências com os grandes estúdios, quando se meteu a trabalhar para eles (de Veio de um Outro Mundo até Memórias de um Homem Invisível, todos flops de bilheteira).

Na verdade, com o seu espírito de cineasta de "género" e de série B- essencialmente, o terror e a ficção científica, com alguns destes filmes estruturados como se fossem westerns, sem esquecer Assalto à 13ª Esquadra, que mima e homenageia Rio Bravo -, a sua preferência para trabalhar com pequenos orçamentos e um certo tipo de actores (caso de Kurt Russell), Carpenter teria cabido como ervilha numa vagem na máquina de produção de uma Universal ou de uma Warner Bros "antigas".

John Carpenter "chega" hoje a Portugal graças ao ciclo 'Memórias de um Homem Bem Visível', que começa esta noite na Cinemateca, às 21.30, com a exibição de um dos clássicos da filmografia do realizador, Halloween-O Regresso do Mal (1978), interpretado por Jamie Lee Curtis e Donald Pleasence.

Rodado em 22 dias com um orçamento liliputesco, Halloween tornou-se no filme independente mais lucrativo dessa altura, impondo também Jamie Lee Curtis como a scream queen do cinema de terror de então.

Este ciclo será apresentado em sequência e entrará pelo mês de Novembro dentro. O último filme a ser visto em Outubro é Nova Iorque 1997 (dia 31, 19.00), do qual Carpenter faria uma continuação na Costa Oeste, em Fuga de Los Angeles (1996), com Kurt Russell a retomar o papel do carismático rebelde Snake Plissken.

O ciclo permitirá rever (ou, para alguns, descobrir) títulos como o telefilme Elvis, de 1979, com Kurt Russell no papel do título, e que John Carpenter rodou para homenagear o seu ídolo musical; Christine -O Carro Assassino (1983), um dos melhores filmes já adaptados de uma obra de Stephen King: o fabuloso e na altura, incompreendido, As Aventura de Jack Burton na Garras do Mandarim (1986), que cruza o filme de terror com o de artes marciais e lhes acrescenta comédia; ou o falhado e anti-establishmentEles Vivem! (1998).

E não esqueçamos Dark Star (1974), a primeira longa-metragem do realizador, uma resposta paródica à ficção científica de preocupações "sérias" e pendor "metafísico". Como é habitual, a Cinemateca editará um catálogo.|

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