Poucos acreditariam que com o domínio inicial exercido e um quarto ensaio conseguido pela equipa da casa perto da meia hora o caminho dos campeões nacionais rumo à final do próximo sábado, no Jamor, seria tão árduo. E o suspiro de alívio dos adeptos universitários - antecipado pelos habituais gritos de "está na hora!"... -, no fim desta primeira meia-final da Divisão de Honra, representa um óbvio cumprimento a um quinze agrónomo que, com uma 2.ª parte de grande coragem e nível assustou, e de que maneira!, o favorito CDUL, saindo da prova de cabeça bem erguida. .Os campeões começaram a partida impondo um ritmo elevado e logo no minuto inicial marcaram num lance demasiado rápido para a defesa da Tapada. Ruck bem limpo, passes tensos dos médios e a oval num ápice a chegar ao ponta Gonçalo Foro para o seu sétimo ensaio na prova. Tudo mais rápido do que demora a descrever. .Apesar da pronta reação agrónoma - que nos primeiros 20 minutos, e muito por força da atuação do centro Guilherme Covas, que qual enguia escorregadia, ganhava metros e metros com a bola nas mãos fintando tudo o que lhe aparecia pela frente, quando foi à área de 22 contrária saiu com pontos, graças a duas penalidades de Duarte Cardoso Pinto -, sempre que o CDUL, num imparável rolo compressor abria rapidamente a bola até à ponta era um "vê-se-te-avias" na defesa visitante. .E aos 13 e 23 minutos, em lances quase a papel químico - avançada a ganhar terreno, bola rápida a sair dos rucks, passes bem medidos para a esquerda do ataque e toque de meta no mesmo abençoado cantinho de terreno - João Lino e Carl Murray faziam ensaios, para 20-6. .Mas aos 31' a lesão do 2.ª linha neozelandês Daniel Faleafa, que o obrigou a abandonar o terreno, iria ter consequências inimagináveis para os universitários, pois a partir daqui o combate de avançadas começava a pender para Agronomia, exceto nos alinhamentos, onde os homens da Tapada estiveram pouco menos que desastrados. .Um brinde do defesa Pedro Lorena, ao largar uma bola fácil captada por Nuno Penha e Costa, originaria o quarto ensaio do CDUL aos 33' - inédito, já que Agronomia nunca concedera mais que três num jogo nesta época -, para folgados 27-6. .Mas ninguém suspeitaria que tal correspondesse ao canto do cisne universitário, pois com grande alma, o quinze da Tapada reagiu pela avançada, às costas da esforçada atuação dos gigantes Marthinus Hoffman (mesmo abaixo, por lesão, do que já fez esta época) e do n.º 8 António Duarte, "o melhor em campo". E à beira do intervalo com os quinze homens do CDUL em cima da linha de área durante largos minutos, em esforço, faria dois ensaios por Hoffman (mas Afonso Nogueira só concederia, mal, o segundo...), para 27-13 no descanso. .O 2.º tempo foi totalmente dominado pelos visitantes, apesar do CDUL marcar primeiro, aos 48', quando Penha e Costa aproveitou novo brinde, intercetando passe de Lourenço Kadosh (32-13). A partir daí Agronomia tomou conta do jogo, acampando no meio-campo rival - quando o tonguiano Seti Filo saiu por lesão, ainda mais se acentuou o défice físico do pack universitário, que sem os seus dois 'armários' estrangeiros começou a abanar por todos os lados - e com ensaios de António Duarte e Cardoso Pinto (fabuloso lance num pontapé por cima da defesa contrária seguido de fantástico mergulho), reduziu para 32-27 a sete minutos do final. E se o entrado Bernardo Campelo, em dois lances em que, com belas linhas de corrida, passou por uma chusma de adversários, tem passado a bola em condições, a reviravolta poderia mesmo ter acontecido... .Só aos 76' o CDUL voltaria a pisar a área contrária e ao conseguir manter Agronomia afastada da sua área, fez correr o tempo... até que os gritos de júbilo e a festa no relvado assinalavam a segunda final consecutiva dos campeões. Que ficam agora à espera da segunda meia-final (amanhã, Restelo, 16.00), entre Belenenses e Direito.