A pergunta é simples: Sim ou não a um acordo de governo ou acordo parlamentar com o Chega na Madeira? Nenhuma resposta é "sim" ou "não"..O líder do CDS, Nuno Melo, responde desta forma: "O acordo que o CDS-M tem é com o PSD-M. A perceção que tenho do CDS-M, que é autónomo, é que não fará entendimentos de governo com o Chega. É importante ter-se em conta que o desenho parlamentar da Madeira implica até a existência de partidos [referência ao JPP] que não têm representação parlamentar no continente. O CDS está empenhado numa maioria absoluta que significa que a coligação "Somos Madeira" não depende de quaisquer outros partidos, muito menos de partidos irresponsáveis [referência à IL e ao Chega] que como se viu nos Açores na primeira oportunidade estão disponíveis a abrir o poder ao partido socialista e a deixar cair governos de centro direita"..E se depender? "Não vou valorizar com essa resposta partidos que não o CDS que acredito que na coligação terá uma maioria absoluta", responde Nuno Melo..Rui Barreto, líder do CDS-M, secretário regional da Economia no governo de Miguel Albuquerque, que faz parte da direção nacional do partido, contactado pelo DN, respondeu assim: "Nada a declarar.".Não excluindo um acordo de governo ou um acordo parlamentar com o Chega na Madeira, Rui Barreto alinha com a tese de Miguel Albuquerque que recusa a "estigmatização" do Chega dizendo que "devemos abrir sempre pontes de diálogo".."Essa estigmatização do Chega comigo não funciona, porque o partido tem eleitores e os seus estatutos e funcionamento foram aceites pelo Tribunal Constitucional (...) um partido legal, como qualquer outro partido (...) não temos de ter nenhum complexo", sublinhou Albuquerque..Fonte do CDS, sustenta que há diferenças "políticas" porque na Madeira "não os olham [aos candidatos do Chega] como um típico militante do Chega no continente"..E nem mesmo a "possibilidade" de o partido de André Ventura conseguir eleger "dois deputados", diz uma fonte centrista, ou "até mesmo três", como admite um dirigente do partido, levou a que o CDS-M "internamente" tivesse discutido a questão..Porém, esse cenário que pode causar "estragos" no CDS nacional pode levar a que de Lisboa "se tente tudo para que não se chegue a esse ponto [acordo com Chega], mesmo sabendo da autonomia regional" no CDS de Rui Barreto e do "incómodo local que isso pode causar"..Se o "não ao Chega é claro no continente", na Madeira a "diferença" está ainda no facto de Miguel Albuquerque, presidente do governo regional, ter condicionado "publicamente" o CDS ao admitir por diversas vezes que não fecharia as portas ao Chega..A mais recente foi, na quarta-feira, dia 21, quando afirmou que "nós [PSD Madeira] não estabelecemos linhas vermelhas, porque qualquer partido que é aceite no Tribunal Constitucional e que faz parte do jogo do quadro político democrático deve ser, em todos os cenários de uma democracia liberal, interlocutor privilegiado para qualquer questão"..Há no entanto uma "linha vermelha" ou um desacerto da retórica política sobre as "pontes de ligação" ao Chega. Em declarações recentes ao DN, o líder parlamentar do PSD-Madeira só exclui o partido de Ventura do governo regional..Jaime Filipe Ramos afirmou que "esse cenário [o de uma coligação pós-eleitoral com o Chega] "neste momento não se coloca. O nosso compromisso é com o CDS. Qualquer outro cenário, para nós, não é equacionável nesta fase. Qualquer acordo, para além do CDS, não nos parece provável neste momento"..Neste momento? "Ou seja: Chega no governo regional, não". E assim ficou aberta a porta para um acordo parlamentar pós-eleitoral..Fonte do CDS recorda, por isso, as palavras de José Manuel Rodrigues, ex-líder do partido e atual presidente da Assembleia Regional, quando ao DN comentou a entrevista a Miguel Albuquerque..O líder do PSD disse não precisar "do CDS para viver". E José Manuel Rodrigues admitiu que "obviamente que os casamentos também se desfazem". Há outra frase relembrada, mas inscrita num passado "já sem regresso". "Nós pensamos pela nossa cabeça e somos uma alternativa ao PSD e ao PS", disse Rui Barreto em 2019.