Numa equipa onde o trabalho do grupo é o expoente máximo, sobrepondo-se à inegável qualidade das individualidades, é impossível não destacar duas grandes figuras da Itália: Andrea Pirlo e Fabio Cannavaro. A excelência do catenaccio teve neste dois jogadores os maiores percursores, numa final decidida nos detalhes..A Itália igual a si própria não se desfez do seu sistema defensivo e apenas uma nuance surgiu quando se viu a perder. Imperativamente, atrás da linha da bola estiveram sempre oito jogadores e só Totti e Luca Toni tinham autorização para trabalhar um pouco menos defensivamente. Em desvantagem, foi Pirlo o líder. Era o médio quem começava os lances de ataque, era ele o primeiro a pressionar o adversário que tivesse a bola. Nas bolas paradas criava perigo e foi dos seus pés que na marcação de um canto que assistiu Materazzi para o golo..E depois, Cannavaro. Um Mundial perfeito para o central. Capitão na ausência do lesionado Nesta, o defesa assumiu a responsabilidade de comandar uma defesa que sofreu apenas dois golos no torneio: um auto-golo e outro de grande penalidade. Cannavaro somou ontem a sua 100.ª internacionalização e levantou a taça. Prémio melhor é impossível..Também o outro central, Materazzi, esteve em bom plano. Presente em três dos principais momentos (fez a falta na grande penalidade a favor da França, marcou o golo do empate, foi agredido por Zidane, que foi expulso), esteve intransponível e só Henry lhe deu alguns problemas..A Itália enquanto esteve a perder, soube atacar, mas sem nunca desmanchar o seu sistema. Quando igualou baixou o ritmo. Chamem-lhe cínica, mas cumpriu o objectivo.