O objetivo da compra, disse hoje o presidente da câmara de Gaia, Eduardo Vítor Rodrigues, são a extinção da urbanização prevista para o local - um projeto de 2010 desenhado pelo arquiteto Joaquim Massena que previa a construção de 137 frações habitacionais, somando-se comércio e outros equipamentos - bem como a requalificação urbanística para espaço público e de lazer. .Em causa está uma área total de 13.500 metros quadrados com ruínas da antiga Fábrica de Cerâmica e Fundição das Devesas, sendo que o núcleo que vai ser adquirido era fabril e residencial. .De fora da aquisição fica uma outra área, essa de cerca de 3.000 metros quadrados, que albergava os fornos da antiga cerâmica, um terreno que fica entre a rua Conselheiro Veloso da Cruz e a linha de caminho-de-ferro das Devesas..Eduardo Vítor Rodrigues adiantou que a câmara de Vila Nova de Gaia, distrito do Porto, já pediu a classificação nacional deste núcleo à Direção-Geral do Património Cultural (DGPC) com o argumento "de que este é um espaço de património e de memória". .Assim, nos 13.500 metros quadrados que a autarquia vai adquirir vai incluir um parque de estacionamento público e subterrâneo para 600 veículos, o Museu da História de Gaia e da Cerâmica para "complementar a área turística, cultural e patrimonial para atrair visitantes à cota alta da cidade" e sala de conferências..A área de equipamentos corresponderá a cerca de um terço da capacidade construtiva, enquanto dois terços serão para parque público e zona verde..A aquisição de terreno será discutida segunda-feira em reunião camarária, seguindo-se nova discussão a 26 de fevereiro em Assembleia Municipal. O projeto terá depois de aguardar pelo visto do Tribunal de Contas, sendo expectativa da autarquia que a assinatura de contrato se realize em abril ou maio..O presidente da câmara de Gaia disse hoje, durante uma visita ao local, que os 2,5 milhões de euros serão pagos a pronto e sem recurso a empréstimo e que o projeto será sujeito a um concurso de ideias com convite a arquitetos de renome devendo estar pronto no outono.."Queremos começar a coser o território e faltava-nos um núcleo que compilasse a nossa história coletiva e desta forma deixamos de ver aqui nascer uma urbanização que criaria um impacto muito grande na zona. De alguma forma, estamos a estender a centralidade de Vila Nova de Gaia", descreveu Eduardo Vítor Rodrigues..A proximidade com o metro, quer com o existente que passa pela avenida da República, quer com a futura linha Devesas - Campo Alegre, quer com a estação de caminhos-de-ferro, entre outras acessibilidades, também foi esta manhã destacada..Na apresentação também foi frisado que os painéis de azulejos que compõem o muro que circunda as atuais ruínas da Cerâmica das Devesas já estão classificados e vão ser preservados..Cofundada em meados da década de 1860 por José Teixeira Lopes, a Fábrica de Cerâmica das Devesas terá sido uma das mais importantes do país, dominando no início do século XX a produção de azulejos, estátuas e ornamentação cerâmica, artefactos em ferro fundido, cantarias de mármore, entre outros produtos..Mais de vinte anos volvidos desde que a própria fábrica cessou funções, do interior do edifício (que ocupa um quarteirão mesmo junto à estação de comboios das Devesas) já pouco resta, depois de sucessivas pilhagens e vandalismo às peças, moldes, telhas e azulejos que ainda lá se encontravam.