Califórnia em ensaio geral para um novo 'Big One'

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Simulacro. Cinco milhões de pessoas participaram no exercício

Estado prepara-se para possível megaterramoto nos próximos 30 anos

Se é pouco provável encontrar sobreviventes do grande terramoto que em 1906 fez mais de três mortos em San Francisco, os habitantes da Califórnia têm bem presente os sismos de 1989 e 1994 que, além de seis dezenas de vítimas mortais provocaram milhares de milhões de dólares de danos. Situado sobre a falha de Santo André, este é o estado americano mais sujeito a sismos. E com os peritos a preverem para os próximos 30 anos um novo Big One - um terramoto de magnitude superior a 7.5 na escala de Richter -, as autoridades californianas organizaram ontem um mega-simulacro que envolveu cinco milhões de pessoas em escolas, hospitais, empresas e casa particulares, além do pessoal das equipas de emergência.

Muitos comuns no Japão, onde todos os anos milhões de pessoas participam num simulacro que marca o aniversário do Grande Kanto, um terramoto de magnitude 8.3 que em 1923 matou mais de 140 mil pessoas na região de Tóquio, os ensaios para sismos não costumam ter muito sucesso nos EUA.

Inicialmente, a iniciativa que junta o Centro Geológico dos EUA, o Centro de Prevenção de Sismos da Califórnia e o site shakeout.org não recolheu muitos apoios. Mas depois do pequeno sismo que abalou a Califórnia em Julho, foram muitos os que se inscreveram como voluntários para o simulacro no site da organização Shake Out.

Às 10.00 de ontem (mais seis horas em Lisboa), a ordem no Sul da Califórnia era para "Baixar-se, abrigar-se e segurar-se". Os estudantes tinham recebido instruções para se meterem debaixo das secretárias, as equipas de salvamento estavam preparadas para retirar "corpos" dos escombros e a Cruz Vermelha tinha instalados centros de apoio às vítimas nos ginásios.

"Estamos tão preparados quanto possível para uma catástrofe de grandes dimensões, mas podemos sempre fazer melhor", disse ao Los Angeles Times Jay Alan, porta-voz do Departamento de Segurança Interna da Califórnia. Na Câmara de Los Angeles, o simulacro decorreu em simultâneo com uma sessão da Comissão de Planeamento Urbano. Os nove membros do painel terão interrompido a reunião. Mas quando lhes pediram para se "baixarem, abrigarem e segurarem-se", nenhum obedeceu. Desta vez era a brincar, mas segundos os peritos, a Califórnia tem 46% de hipóteses de voltar a ser atingida por um sismo de grande intensidade.

Um tal abalo iria deixar uma cidade como Los Angeles sem água, gás e, comunicações e algumas estruturas, pontes e arranha-céus, poderiam desmoronar-se. Um cenário para o qual as autoridades querem estar preparadas. Daí o simulacro. Quanto a resultados: "Só dentro de horas ou até dias iremos saber", disse Alan ao Los Angeles Times.

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