Build Your Dreams é o significado de BYD, o gigante chinês que começou em 1995 a produzir baterias recarregáveis para telemóveis e passou aos automóveis em 2003. Primeiro com veículos convencionais, camiões, empilhadores e até bicicletas. Depois entrou nos automóveis elétricos e hoje é líder no mercado chinês, tendo vendido mais que a Tesla em 2022, a nível global, mas contabilizando elétricos e híbridos "plug-in". Está longe de ser uma "start-up", tem muito "know-how", pois fabrica micro-processadores, motores elétricos e também as baterias em lâmina, uma tecnologia diferente das células cilíndricas mais comuns, que a BYD diz ser mais eficiente. É um grupo que depende pouco de fornecedores..Ao entrar na Europa, a BYD associou-se a distribuidores locais experientes, para a península Ibérica escolheu o grupo Salvador Caetano. Já iniciou atividade em Espanha, em Portugal vai começar com duas lojas no centro de Lisboa e Porto e duas oficinas. Depois vai expandir-se a outras cidades. As lojas já abriram e as encomendas também, para três modelos de lançamento: o SUV de sete lugares Tang e a berlina Han são rivais dos Tesla Model X e Model S. O modelo mais acessível é o Atto 3, um familiar compacto de cinco portas, rival do VW ID.3..O Atto 3 tem 4,45 metros e estreia uma nova plataforma para elétricos, a "e-Platform 3.0", alojando sob o habitáculo uma bateria de 60,48 kWh úteis, que carrega até 150 kW DC e demora 29 minutos para ir dos 30 aos 80%. O motor elétrico de 204 cv está à frente e move as rodas dianteiras. A BYD anuncia uma autonomia de 420 km, em ciclo misto e 565 km, em cidade..Ao vivo, o estilo parece alinhado com os gostos europeus. Nada de linhas estranhas ou demasiado originais, tudo bem proporcionado e previsível. Já o mesmo não posso dizer do interior, onde a BYD resolveu inovar com um ecrã tátil central de 15,6" rotativo. Pode ser usado na vertical ou na horizontal e tem Apple Carplay, Android Auto e até Spotify..A alavanca da caixa tem um desenho invulgar e os fechos das portas têm altifalantes integrados. As bolsas das portas são delimitadas por imitações de cordas de guitarra, que emitem sons quando se dedilham..Mas a "brincadeira" acaba aqui. A qualidade dos materiais é muito boa, para o segmento, superior à do ID.3 e o espaço nos lugares de trás é amplo, apesar de ter o piso alto, o que obriga os joelhos a ficarem altos. A mala tem 555 litros de capacidade, acima da média, mas não há um "frunk" sob o capot da frente..A posição de condução é um pouco mais alta que num familiar convencional, devido à presença da bateria. Mas está bem enquadrada e só falta mais amplitude ao ajuste do volante. Os bancos são confortáveis, mas o assento é curto e o apoio de cabeça não regula..A marcha em cidade é silenciosa, à exceção do som obrigatório para avisar os peões, que pode ser o habitual zunido ou uma curiosa melodia. Em modo de condução Eco a resposta ao acelerador é pronta, mas nada brusca. A suspensão independente às quatro rodas e os pneus altos proporcionam um bom nível de conforto e o pedal de travão é fácil de dosear. A direção não tem um tato muito detalhado, mas também não é demasiado assistida. Pode escolher-se dois níveis de regeneração na desaceleração, mas são muito próximos e pouco intensos, além de serem escolhidos num botão muito pequeno na consola..Em autoestrada, passando ao modo Normal, o Atto 3 ganha velocidade com facilidade, sem grandes ruídos aerodinâmicos ou de rolamento. A estabilidade é boa e as ajudas eletrónicas à condução, que valeram as cinco estrelas no EuroNCAP, não são demasiado intrusivas..A competência como familiar estava provada, mas decidi ir à procura de uma estrada secundária com algumas curvas, para testar a dinâmica numa condução mais rápida. O modo Sport pouco muda o acelerador, mas é suficiente para fazer o Atto 3 avançar com decisão. O comportamento mostrou-se preciso o suficiente, com bom controlo das massas em curva, resultado de um Centro de Gravidade baixo e de uma suspensão bem afinada, mesmo se a sua prioridade é o conforto..A BYD não quer ser a mais barata do mercado, posiciona-se como uma marca "premium acessível", o que se reflete em preços que vão ficar entre os 40 000 e os 45 000 euros, dependendo do equipamento..Mais testes de novos modelos em: targa67.motor24.pt.BYD Atto 3.Motor: Elétrico de ímanes permanentes, dianteiro..Bateria de 60,48 kWh (úteis)..Potência máxima: 204 cv. Binário máximo: 310 Nm..Tração: dianteira..Aceleração 0-100 km/h: 7,3 s..Velocidade máxima: 160 km/h..Consumo médio: 15,6 kWh/100 km..Autonomia máxima WLTP: 420 a 565 km..Tempo de carga: 30 a 80% em 29 minutos (DC a 150 kW)..Bagageira: 555 litros..Peso: 1750 kg..Preço: entre 40 000 e 45 000 euros