Brasil/Eleições: Só cinco dos treze candidatos mencionam África nos planos de governo

Apenas cinco dos treze candidatos que disputam as eleições para a Presidência do Brasil em outubro mencionam África nos seus planos de governo, segundo uma análise divulgada na quarta-feira pelo Instituto Brasil África.
Publicado a
Atualizado a

Segundo o levantamento, apenas os candidatos Ciro Gomes, Fernando Haddad, Guilherme Boulos, João Goulart Filho e Marina Silva mencionam relações com os países africanos, mas a maioria fá-lo em linhas gerais sem o desenvolvimento de propostas concretas.

Estes cinco candidatos citam relações com países africanos, no geral, defendem a reaproximação do Brasil com outros países do hemisfério Sul e reconhecem o distanciamento que o Governo brasileiro estabeleceu com o continente africano nos últimos anos.

Sobre o distanciamento do Brasil de nações africanas, a análise ponderou que no Governo do atual Presidente, Michel Temer, que chegou ao poder em 2016 depois da destituição de Dilma Rousseff, o Ministério das Relações Exteriores passou a priorizar o intercâmbio com parceiros tradicionais como os Estados Unidos da América e União Europeia, prevendo até o encerramento de embaixadas em África, o que não foi concretizado.

Além das mudanças na diplomacia, com o avanço da operação Lava Jato, que descobriu uma extensa rede de corrupção envolvendo a petrolífera estatal Petrobras e outras instituições públicas brasileiras, os investimentos que o país estava a realizar para custear obras de empresas de engenharia brasileiras no continente africano foram paralisados.

"Entendemos que, ao não identificarem em África as perspetivas que aquele continente apresenta, com a atração cada vez mais intensa de investimentos globais, os candidatos demonstram não ter as propostas minimamente alinhadas com a realidade mundial", considerou o presidente do Instituto Brasil África, João Bosco Monte.

O mesmo especialista frisou que a ligação histórica entre Brasil e África, com a diáspora africana a ser responsável pela construção da identidade do Brasil hoje, justifica a atenção necessária ao tema.

"Entendemos também que este é o momento adequado para o povo brasileiro saber o que pode estar à frente no relacionamento do país com África, que está aberta ao desenvolvimento, com uma população jovem e dinâmica pronta para atender às expectativas dos investidores", concluiu.

Artigos Relacionados

No stories found.
Diário de Notícias
www.dn.pt