A venda de ativos do BPI ao CaixaBank, os novos donos do banco português, não é um desnatar do banco, garantiu ontem Pablo Forero, o presidente executivo. Em novembro do ano passado, a venda dos negócios de seguros vida e gestão de pensões, gestão de fundos de investimento, gestão de ativos e corretagem e análise (research) ao CaixaBank geraram uma receita global de 222 milhões de euros..Forero explicou que, assim, o banco conseguiu receber dividendos que só iria obter ao longo de 15 a 20 anos e que agora poderá passar a ter mais serviços e melhores produtos para os seus clientes, sem ter de fazer o investimento necessário no negócio. "O que muda é o acionista", afirmou o banqueiro na conferência de imprensa de apresentação das contas de 2017..O Caixabank anunciou que vai manter a marca BPI, uma decisão definitiva que põe um ponto final na dúvida que existia desde que os catalães concretizaram a oferta pública de aquisição (OPA) lançada sobre o banco português..O BPI está agora a concentrar-se na atividade em Portugal, na sequência da venda de 2% no angolano BFA, no início de 2017, por exigência do Banco Central Europeu, que recomenda uma ainda maior redução no capital banco comandado pela Unitel, de Isabel dos Santos.."A nossa intenção é reduzir a participação no BFA [Banco de Fomento Angola] porque não pode ser de outra maneira", explicou Forero. "Temos de fazer o que o supervisor diz. A boa notícia é que não temos uma data limite, o que temos é uma intenção e temos de trabalhar nisso.".Uma hipótese que foi avançada por Isabel dos Santos, dona da Unitel, foi a dispersão de parte do capital do BFA, o que permitiria ao BPI também diminuir o seu peso no capital. "Se há uma operação de IPO, vemos com bons olhos essa possibilidade e naturalmente estudamos com muito detalhe e interesse", resumiu o banqueiro..Atualmente, o BPI considera a posição no BFA como um investimento financeiro e não estratégico, não tendo presença na gestão do banco. "A nossa estratégia em Angola é reduzir a nossa participação no BFA e apoiar o BFA." Angola foi responsável pela queda dos lucros do BPI no ano passado (ver caixa)..Fora das previsões do banco está um novo plano de saída de trabalhadores. Em 2017, o banco contou com a saída líquida de 594 trabalhadores, terminando o ano com um quadro de 4931 funcionários. Uma redução de pessoal que acompanhou o fecho de 14 agências. O programa de saídas voluntárias teve um custo extraordinário de 78 milhões de euros.."Não há nenhum plano para fazer outro programa de saída, em absoluto", garantiu Pablo Forero. "Não é preciso para nada. Agora, temos a equipa que precisamos, o número de balcões que precisamos e, portanto, estamos em situação de tranquilidade e normalidade." O objetivo de sinergias de 120 milhões de euros até 2020 com a junção do BPI ao Caixabank está já em cumprimento, com medidas executadas ou em execução, concluiu.