Vinte e dois projectos cotados em bolsa e 250 mil euros angariados são alguns dados que ilustram o primeiro ano da Bolsa de Valores Sociais (BVS) em Portugal e que os responsáveis apresentam hoje, em assembleia geral de investidores sociais. Resultado que, devido a diversas condicionantes, ficou aquém das expectativas da equipa que importou para Portugal este conceito de bolsa de valores sociais lançado no Brasil em 2003.."Não estamos satisfeitos com os resultados", garante Celso Grecco, fundador da BVS. O arquitecto do projecto admite que "os resultados estão aquém das expectativas" e recorda que, quando a bolsa arrancou, "o objectivo era obter 500 mil euros no primeiro ano e concluir a angariação de fundos para dois projectos". "Acreditamos chegar a Dezembro com 300 mil euros angariados, mas não concluímos nenhum projecto", diz..Para 2011 os objectivos são claros: melhorar a comunicação da BVS, para, assim, dobrar todos os itens relacionados com este mercado. "Queremos angariar 600 mil euros, concluir alguns projectos, obter 1300 a 1500 investidores particulares e 12 empresas", afiança Celso Grecco. Em termos de projectos cotados, o responsável da BVA não prevê muitas mais entradas, pois "o objectivo é ter uma média de 25 projectos cotados" e actualmente já estão 22 em bolsa..Entre as explicações para o fracasso no primeiro ano de exercício, Celso Grecco apresenta duas razões externas. "Por um lado, a crise económica e, por outro, a tragédia da Madeira [em Fevereiro] e para onde foram canalizados muitos apoios", explica. Mas o fundador da BVS aponta também uma culpa própria: "Faltou comunicação da bolsa, pois esta é uma prática nova em Portugal e na Europa, só existe outra bolsa de valores sociais no mundo, que é a do Brasil.".Face a este cenário, Celso Grecco acaba por ver um lado positivo no primeiro ano. "Temos seis empresas que canalizaram as verbas de responsabilidade social para os nossos projectos e contamos com 650 investidores privados, o que é muito positivo", afiança..A BVS é um mercado de angariação de fundos para projectos de cariz social que convida os investidores a comprar acções dos projectos cotados nesta bolsa. Cada acção custa um euro, sendo que os investidores têm de comprar, no mínimo, dez acções. As associações que queiram estar cotadas têm de apresentar um projecto e definir o investimento necessário para o realizar. Os projectos só deixam de estar cotados em bolsa quando todas as acções, correspondentes ao financiamento, forem adquiridas..Para melhorar os resultados, frisa o fundador da BVS, muito pode contribuir a associação à Caixa Geral de Depósitos, que irá ajudar o mercado de capitais sociais no que diz respeito à sua manutenção. Em compensação, "a CGD deu a administração do Fundo Caixa Fã, um fundo de responsabilidade social, à Bolsa de Valores Sociais", diz Celso Grecco.