Belenenses deslumbra, bate Cascais e está na final do campeonato

Depois de Agronomia, foi a vez, esta tarde, de um brilhante Belenenses marcar lugar na final do Nacional do próximo sábado, ao derrotar, no Restelo, o Dramático de Cascais por claros 37-10
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Após a triste meia-final de ontem - recheada de desacatos entre jogadores, adeptos e (ir)responsáveis das duas equipas - na qual Agronomia manteve a invencibilidade caseira nesta época e justificou o seu 1.º lugar na fase regular diante Direito, carimbando a presença no jogo decisivo do campeonato - com mais dificuldades que as esperadas face às péssimas condições climatéricas e ao bom desempenho defensivo dos advogados - esta tarde no Restelo prevaleceu igualmente a lógica e também a melhor equipa na fase regular (35 pontos para os azuis contra tão-só 20 dos homens da Linha) venceu, apurando-se para a final.

Jogada num sintético e sob tempo seco, a partida foi totalmente diferente da primeira meia-final e o comportamento dos jogadores foi igualmente distinto, pois sob a excelente arbitragem do neozelandês Kane Hancy (o treinador-jogador do Técnico mostrou que quem sabe sabe...), as duas equipas não criaram qualquer problema disciplinar. Chapeau...

O Belenenses iniciou o encontro em grande estilo e a todo o gás, cedo mostrando ao que vinha e explanando no relvado as características que fazem do quinze de João Mirra uma equipa que dá prazer ver jogar: boa ocupação do terreno, correta manutenção de bola, excelente continuidade e apoios, boas linhas de corrida, defesa sólida e muito consistente em todos os setores de jogo... e depois, dotada nas linhas atrasadas de talentosos diamantes que, quando se proporciona, cintilam de forma brilhante e que ofuscam o mais duro adversário. Mas já lá vamos...

E com este fantástico começo não espantou que, logo aos 5" e depois de virarem a seu favor uma mêlée contrária a 5 metros, o abertura Diogo Miranda entrasse com tudo e rodasse para o primeiro ensaio da tarde (7-0). Só aí o Cascais conseguiu entrar no jogo e uma penalidade do sul-africano Allerston aos 10" coloria o marcador para os homens de Tomaz Morais (7-3).

Mas foi sol de pouca dura, pois o Belenenses pegou de novo nas rédeas do jogo e num ritmo frenético, voltou a impor-se. Nova falta da formação ordenada cascalense permitiu a João Freudenthal fazer os 10-3 e aos 17" seria o seu irmão Rodrigo a escaqueirar a defesa adversária no grande momento do jogo: sumptuosa perfuração com duas trocas de pés demolidoras do centro internacional (não esquecer que foi ele a salvar
Portugal de uma derrota incrível na deslocação à Polónia no último jogo da seleção nacional, com um ensaio em cima dos 80 minutos) que depois, e com o trabalho feito, se limitou a oferecer a bola ao formação Duarte Azevedo para um ensaio como o tempo verbal: mais-que-perfeito e que colocava o resultado em 17-3.

E como nos lembrámos de imitar o antigo cantor João Maria Tudela que certo dia, ao presenciar um fantástico golo de Eusébio no estádio da Luz, se levantou, exclamando: vou comprar novo bilhete, que este já está pago! Só aí o Belém reduziu as rotações - nenhuma equipa aguentaria um ritmo assim tão intenso por muito mais tempo - permitindo ao Cascais esticar o seu jogo. Mas só um poucochinho...

E aos 39" o ponta Rodrigo Marta (um dos campeões europeus sub-20) que até aí se distinguira apenas por duras e eficazes placagens, resolveu pintar a manta. E fê-lo em tons de brilhante azul, com um fabuloso slalom que cortou a defesa do Cascais como faca quente em manteiga antes da dar para Sebastião Cunha (belo jogo do veterano n.º 8) selar os 24-3 ao intervalo após uma 1.ª parte que aos adeptos azuis soube a... doces pastéis.

Tomaz Morais deve ter dito das boas aos seus atletas ao intervalo e estes voltaram com outra disposição. Acamparam na área de 22 contrária durante 9 minutos e 50 segundos (o ponta Manuel Lemos até desperdiçou uma fácil conclusão após bela solicitação ao pé de Allerston) mas sem resultados práticos... e 10 segundos depois, em puro e eficaz contra-ataque o Belenenses fazia o seu quarto ensaio, com o poderoso Tiago Fernandes a sprintar após belo lance com participação de Sebastião Cunha e João Freudenthal (29-3). Contra a corrente do jogo? You must be joking...

Nesta altura do encontro a equipa da Linha já sabia qual era o seu destino e apesar do esforço da sua notável terceira-linha - Salvador Vassalo, Francisco Sousa e o muito bom jovem Duarte Costa Campos (que futuro!) - a sua muita posse de bola e domínio territorial era uma questão de muita parra mas pouquíssima uva, pois a defesa azul não abria brechas. Com exceção de uma falta jogada rapidamente à mão que permitiu ao suplente centro Francisco Costa Campos fazer o ensaio de honra do Dramático aos 57" (29-10).

Com o finalista já mais que encontrado e o Restelo em festa, a partida caminhava para o seu término não sem que os azuis conseguissem o seu quinto ensaio num novo grande trabalho de Sebastião Cunha no "breakdown" com passe para o médio de formação Duarte Azevedo (belo jogo!) bisar. E uma derradeira penalidade de João Freudenthal ainda selaria os finais 37-10. Resultado esclarecedor e que se justifica pelo muito que o Belenenses fez esta tarde.

Assim, na final do próximo sábado (Estádio Universitário de Lisboa, 12.30) irã defrontar-se Agronomia e Belenenses, as duas melhores equipas da fase regular, numa repetição da final de 2008 que deu aos azuis o seu sexto e último título nacional - e único com este tipo de modelo competitivo - quando a equipa do Restelo treinada pelo neozelandês Bryce Bevin e liderada por João Uva, venceu por 22-21, graças a um ensaio, já para lá da hora, do excelente talonador e força da natureza chamado William Hafu.

Tudo isto sabendo que a gravidade dos problemas ontem ocorridos na meia-final da Tapada - e apesar de nenhum dos clubes envolvidos ter protestado o jogo - obrigarão, por força dos regulamentos, a Federação Portuguesa de Rugby a tomar uma posição. Desejavelmente ainda ao longo desta semana...

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