BBC dos anos 1960 inspira série para amantes de arte
A intocável reputação da BBC deve muito a uma das suas mais inovadoras séries dos anos 1960, que revolucionou a forma como os documentários passaram a ser feitos. Civilisation era o seu nome e especializava-se em contar as melhores histórias da arte ocidental. Agora, quase 50 anos depois, a estação pública britânica decidiu fazer renascer o formato. A nova série, Civilisations (agora no plural), será composta por dez episódios, ao longo dos quais será revivida a história da arte mundial, desde a Pré-História até aos dias de hoje.
A função de narrador será dividida por três conceituados historiadores britânicos: Simon Schama, Mary Beard e David Olusoga. A eles cabe a difícil tarefa de suceder ao apresentador Kenneth Clark, conhecido autor e diretor de um museu da altura, que foi catapultado para a fama em 1969, graças ao programa original.
"Lembro-me do impacto que Civilisation teve em mim, quando eu estava na escola: foi o despertar de uma paixão pelas artes que se manteve ao longo da vida. Inspirados por esse grande programa do passado, queremos agora estimular uma nova geração", explicou Tony Hall, diretor-geral da BBC, em comunicado oficial.
Sabe-se, para já, que a Simon Schama caberá apresentar seis dos dez episódios. Mary Beard irá conduzir dois, mais concretamente sobre a cultura da Grécia e da Roma antigas, enquanto as restantes emissões, a cargo de David Olusoga, pretendem focar-se na história militar dos impérios e nas relações globais entre povos. À semelhança do diretor da BBC, também os três futuros apresentadores foram tocados pelo documentário de 1969.
"Eu costumava assistir ao Civilisation original com a minha mãe e o meu pai e é uma honra, agora, poder estar do outro lado da câmara", confessa a anfitriã, Beard. Mas há mais motivos, para além das suas memórias de infância, que a deixam empolgada. "Para mim, é também entusiasmante o facto de, em Civilisations, irmos ver a Grécia e a Roma antigas no contexto da arte nos seus primórdios e à volta do globo."
Já para Olusoga, foi precisamente o fascínio da arte na televisão que o inspirou a traçar a sua carreira enquanto historiador. "Cresci numa propriedade do Estado, a minha família não tinha dinheiro para visitar galerias ou museus, mas a minha mãe conseguiu mostrar-me os mundos da arte e da cultura através dos documentários da BBC, programas que alargaram os meus horizontes e transformaram a minha visão do mundo", revelou. Por esse motivo, prevê ele, "Civilisations será o novo capítulo dessa tradição televisiva e terá o poder de mudar vidas".
O formato original, desenvolvido por Sir David Attenborough (conceituado jornalista conhecido em todo o mundo por ter dado voz, durante quase 60 anos, aos documentários sobre natureza e vida selvagem), foi um dos primeiros documentários a passar a cores na televisão. Foi gravado ao longo de três anos, imediatamente antes da estreia em 1969, passando por um total de onze países. Após a primeira emissão, através da BBC2, a série chegou a ser reposta pela BBC4 e, muito mais tarde, em 2005, foi lançada em DVD.
Avaliar o seu impacto torna-se fácil, tendo em conta que foi vendida a mais de 60 países e que ganhou dezenas de prémios.
A nova série começa a ser filmada em março de 2016, com passagens marcadas por Europa, Ásia, África e Américas. Dada a complexidade e a extensão do tema, a estreia está prevista apenas para o final de 2017.