Os bancos HVB e UBS aconselham os investidores a venderam as Obrigações do Tesouro (OT) portuguesas que possuem. .As taxas de juro de mercado não estão a reflectir a deterioração do risco de crédito do país, dizem os analistas do HVB. "As obrigações portuguesas estão sobrevalorizadas", num momento em que "Portugal enfrenta grandes desafios", afirma Kornelius Purps, analista do HVB, citado pela Lusa. Uma posição partilhada também pelos analistas da UBS "as OT estão excessivamente caras face ao seu risco de crédito." .Segundo o HVB, o diferencial das yields da dívida pública portuguesa face à referência alemã poderá quase que duplicar no próximo mês. O spread (custo de financiamento) das obrigações portu- guesas face às alemãs deverá aumentar dos actuais 8 pontos- -base para 15 pontos-base..A avaliação do risco de crédito da República foi revisto em baixa, há três dias, pela Standard & Poor's (S&P) e ontem foi a vez da Fitch. Esta agência internacional de rating baixou de "estável" para "negativo" o outlook da República Portuguesa, tendo por base as suas dúvidas quanto às perspectivas para as contas públicas (ver caixa). .A mesma análise aponta para o facto de o crescimento da economia portuguesa, desde 2001, ser muito reduzido e o rendimento per capita ter vindo a cair. A Fitch vai mesmo mais longe, dizendo que a "actual estrutura da indústria não se enquadra nos padrões de uma economia desenvolvida". Para exemplificar, a agência de rating aponta o caso das exportações de têxteis e couro, onde Portugal tem vantagens em relação às restantes economias da UE, mas esta posição de liderança está agora ameaçada pelos recentes acordos e pela forte concorrência da China..Salienta ainda a importância que o investimento estrangeiro teve para Portugal durante a década de 90, chamando a atenção para o facto deste estar em queda e os investidores virarem as suas atenções para os países de Leste. Por exemplo, aponta o caso da Eslováquia, que "tem atraído muitos dos investimentos no sector automóvel que na última década poderiam ter sido direccionados para Portugal". A procura de fundos comunitários por parte dos países do alargamento também deverá reduzir a fatia a receber por Portugal, no âmbito do Quadro Comunitário de Apoio, que está a ser negociado em Bruxelas.