Banca aumentou lucros em mais de mil milhões de euros
Os grandes bancos portugueses reforçaram a tendência de regresso aos lucros. Santander Totta, Caixa Geral de Depósitos (CGD), BPI e BCP tiveram um resultado acumulado de quase 1,8 mil milhões de euros em 2018, uma média de cerca de cinco milhões por dia. Lucraram mais 1,1 mil milhões do que em 2017.
No entanto, estes bancos tiveram, no acumulado, uma estagnação em indicadores operacionais, como o produto bancário que mede as receitas das instituições financeiras. Teve uma subida de apenas 0,5%, cerca de 32 milhões.
Os números não incluem ainda as contas do Novo Banco, que divulga os resultados na próxima semana. Depois de ter tido perdas de quase 1,4 mil milhões em 2017, no ano passado deverá ter tido novamente prejuízos avultados.
A subida dos lucros foi conseguida com a queda do dinheiro colocado de lado para fazer face a prejuízos no crédito, de outros ativos e em provisões para despesas extraordinárias.
O valor dessas imparidades e provisões desceu mais de 60%, passando de 1,7 mil milhões para 655 milhões. É a quase totalidade da melhoria dos lucros dos bancos.
A CGD foi o banco em que a queda das provisões e imparidades mais ajudou os resultados. O banco público lucrou 496 milhões em 2018, quase dez vezes mais do que no ano anterior. Mas essa evolução foi conseguida à custa da queda das imparidades e provisões em mais de 690 milhões. Isso deveu-se à queda do dinheiro reservado para fazer face aos custos decorrentes do plano de reestruturação.
Outro dos bancos que mais engordaram o lucro foi o BPI. A instituição detida pelos catalães do CaixaBank melhorou o resultado de 10,2 milhões para 490,6 milhões de euros. Mas essa subida é explicada em grande parte pela venda de participações como a Viacer, a dona da Super Bock, e outras entidades como a BPI Gestão de Ativos e o negócio de cartões.
O BCP, que divulgou as contas ontem, também reportou uma melhoria dos resultados. O lucro aumentou mais de 60%, passando de 186,4 milhões para 301,1 milhões de euros. Já o Santander Totta, apesar de ter tido uma subida mais moderada do resultado, continua a ser o mais lucrativo. Foram cerca de 500 milhões.
A subida dos lucros, apesar do abrandamento em alguns indicadores operacionais, dá confiança a alguns bancos para regressarem ao pagamento de dividendos.
O BCP propõe distribuir 10% do lucro aos acionistas neste ano, proporção que poderá aumentar nos próximos anos. Será a primeira vez desde 2010. E o presidente da CGD, Paulo Macedo, considera "plausível" entregar dividendos de 200 milhões ao Estado. No entanto, o Banco de Portugal tem pedido cautela nessa estratégia.