As câmaras municipais são o principal alvo de investigação de suspeitas de corrupção. Esta é a conclusão do "diagnóstico da corrupção participada", um estudo elaborado pelo Departamento Central de Investigação e Acção Penal (DCIAP), a pedido do procurador-geral da República, e cujos resultados vão ser apresentados em Fevereiro de 2008. .Este diagnóstico, feito pela equipa de Cândida Almeida e em colaboração com o Centro de Estudos Sociais do ISCTE, está pronto e espera agora o relatório final que será apresentado publicamente sob o mote "Jornadas de Luta contra a Corrupção". Ao que o DN apurou, são as autarquias, forças de segurança e administração central, pelo crime de uso de poderes públicos para proveito próprio, que preenchem a maioria das denúncias feitas ao Ministério Público..O relatório denuncia ainda que as queixas de corrupção são ainda muito poucas, "mas nesse universo reduzido, há uma parte significativa nas autarquias", segundo fonte do DCIAP revelou ao DN..Esta é a segunda iniciativa do Ministério Público neste sentido. Em Março de 2006, a Direcção Central de Investigação da Corrupção e Criminalidade Económica e Financeira (DCICCEF) da PJ apresentou números que apontavam no mesmo sentido. Quase metade - 42% - do total investigado era relativo às câmaras municipais..Agora, a partir deste trabalho encomendado por Pinto Monteiro, pretendeu-se averiguar os locais e os envolvidos no fenómeno da corrupção: onde incide mais, se no Interior, se no litoral do País e quem "corrompe" e "é corrompido". .O DCIAP fez, neste contexto, o levantamento de todas as queixas participadas de corrupção entre os anos de 2002 e 2005. Conseguindo desta forma, definir o perfil do "corrupto" e do "corruptor". Que idade tem, quanto ganha, se é homem ou mulher, se é da estrutura de topo de uma empresa, quem o contactou, como foi esse contacto. Estes são alguns dos pontos de partida deste trabalho. E serão estes os dados conhecidos daqui por dois meses. .Segundo o balanço feito em 2006 pelo DCICCEF, outra das parcelas de denúncias registadas eram relativas ao conjunto de "entidades rodoviárias", "actividades de saúde" e "justiça". A administração fiscal ficava-se pelos 4% e o desporto pelos 2% do total de investigações, ao contrário de todas as expectativas. .A principal origem da investigação são as denúncias anónimas: das 341 novas investigações feitas em 2005 pelo DCCIEF, 116 foram anónimas. Mas, muitas vezes, a eficácia da investigação é reduzida porque o denunciante expõe-se a represálias ou a processos por difamação, acabando por deixar de colaborar com a polícia.|