A alienação da antiga fábrica de sabonetes foi aprovada por 44 votos a favor e 29 contra e acabou por preencher toda a reunião daquela câmara..Antes da votação, no período no qual o público pode participar, foram vários os munícipes que subiram ao púlpito para tecerem críticas à opção do executivo camarário de vender a saboaria Confiança. Durante quase 40 minutos apelaram aos deputados municipais para que "respeitassem a vontade do povo" e não aprovassem a venda do "último reduto da era industrial bracarense". .Ainda antes do início da discussão dos pontos da agenda, o PS, CDU e BE apresentaram uma recomendação para que fosse retirado da ordem de trabalhos o ponto sobre a alienação da Confiança e que o assunto baixasse à Comissão de Educação e Cultura, pedido que foi rejeitado por 43 votos, uma abstenção e 30 a favor..Quanto aos cidadãos, estes deixaram fortes críticas ao caderno de encargos do negócio, defendendo que não salvaguardava "nada do património além do fachadismo", cabendo ao líder parlamentar da maioria PSD/CDS-PP/PPM, que gere o município, João Granja, a defesa da daquele documento.."Dizer que este caderno não introduz condicionantes não é correto, nem as pessoas estão a ser sinceras. Vejamos, terá que ser mantida a identidade da volumetria existente, é obrigatória a preservação das três fachadas do edifício, obrigatoriedade da integração da memoria da chaminé, não se permite a instalação de comércio, deverá ser mantida a forma e o desenho das coberturas, obrigatoriedade de criação de áreas ou espaços que evoquem a memoria da fábrica de acesso publico", argumentou João Granja..Segundo o deputado, a venda do complexo da antiga saboaria será uma nova era: "vamos passar a uma nova fase da vida da Confiança, ficando claro que esta será uma forma de salvaguardar a memória e o património"..Do lado da oposição as críticas foram muitas, desde "oportunismo politico", a "cambalhotas", uma vez que o atual presidente da câmara de Braga, Ricardo Rio, foi um dos impulsionadores da expropriação da Confiança, em 2011, a favor da autarquia.."Hoje assistimos ao enterro da credibilidade de Ricardo Rio", defendeu o deputado municipal socialista Eduardo Gouveia. ."Não existiu nenhuma vontade em procurar soluções, este foi um exemplo brilhante de autocracia, falta de democracia e de sentido de cidade. Não estamos a pedir que não vendam. Se no fim do caminho se chegar à conclusão que a única solução é vender, vedam. Mas façam esse caminho", pediu o socialista Pedro Sousa. .Para a CDU, pela voz da deputada municipal Bárbara Seco, a "decisão unilateral" do PSD/CDS-PP/PPM "deixa pelo caminho todos os que se juntaram para pensar no futuro de Braga", defendendo que "o que está em causa ao alienar a Confiança é o fechar as portas às inúmeras possibilidades que a cidade podia encontrar para aquele espaço". .Já o deputado municipal do BE, António Lima, lembrou que "o estado de abandono é o executivo camarário que votou aquilo [o edifício] ao abandono, as associações culturais querem lá estar, ocupar o espaço, fizeram essa proposta antes das eleições e o senhor presidente da câmara fugiu".Por fim, o presidente da Junta de Freguesia de S. Vítor, onde se situa a antiga saboaria, votou contra a venda do complexo e expressou que "gostava de ter sido ouvido antes" da decisão tomada pelo executivo.