Assassino em série era um fiscal de obras

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A polícia de Wichita, no estado do Kansas, nos Estados Unidos, saltou ontem para as primeiras páginas de jornais em todo o mundo. Aquela que parecia uma operação de rotina, tornou-se, afinal, numa mega-acção, uma verdadeira caça ao homem. Foi na sexta-feira à noite quando a um carro patrulha manda parar numa operação de stop o veículo guiado por Dennis Rader, fiscal de obras municipal. Afinal, um serial killer conhecido como BTK, acusado de pelo menos dez assassínios, o primeiro dos quais cometido em 1974.

A operação não era de rotina e tinha sido cuidadosamente montada ao longo das últimas cinco semanas. Rader, de 59 anos, foi preso sem incidentes.

Em Wichita é tido como "um género de pessoa que não é agradável". É casado, pai de três filhos, chefe dos escuteiros e membro activo da igreja luterana. Os vizinhos queixavam-se por ele procurar nas suas casas violações aos códigos municipais para os multar. No entanto, nada levava a supor que fosse o temido BTK, iniciais que ele próprio se atribuiu e que descrevem o seu modo de matar "Bind them, Torture them, Kill them" (amarrá-los, torturá-los, matá-los).

As primeiras mortes atribuídas a BTK remontam a 1974. A família Otero (pai, mãe e dois filhos) foram encontrados mortos em sua casa, amarrados, torturados e estrangulados. Até 1986, seis mulheres foram encontradas assassinadas da mesma maneira. Depois de cada assassínio, a polícia e os media recebiam cartas assinadas BTK, e nalgumas o assassino queixava-se da inoperância da polícia "Quantas mais pessoas terei que matar antes que o meu nome apareça no jornal ou eu tenha alguma atenção a nível nacional?"

Mas em 1979 BTK deixou de enviar cartas. A polícia não encerrou os casos e continuou com as investigações. Dois outros assassínios de mulheres foram atribuídos a BTK, um em 1975 e outro em 1991, embora nesses casos a actuação tenha sido um pouco diferente embora tivessem sido estranguladas, os corpos das vítimas não foram encontrados nas suas residências, mas em descampados. Nos últimos onze meses, foram recebidos pelos jornais e pela polícia, pelo menos, oito cartas e pacotes de BTK, com jóias das vítimas e uma fotocópia da carta de condução de uma outra.

A polícia não dá pormenores sobre o que terá levado à prisão de Dennis Rader. A governadora do Kansas, Kathleen Sebelius, justificou a prisão com o ADN. Uma estação de televisão local noticiou que Kerri Rader, filha de Dennis, forneceu à polícia uma amostra de ADN que coincide em 90% com o do suspeito BTK. A polícia reserva os pormenores para a apresentação do caso em tribunal. Os 350 mil habitantes de Wichita passaram um fim-de-semana calmo em 31 anos.

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