As Mil e uma Noites Volume 3 - O Encantado

As Mil e Uma Noites de Miguel Gomes chegam esta semana ao terceiro volume - <em>O Encantado</em>. Leia a crítica de Rui Pedro Tendinha
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RUI PEDRO TENDINHA (4/5)

Xerazade ouve tentilhões e Portugal encanta-se

Composto por três narrativas, uma delas em torno do próprio tormento da princesa das arábias, este O Encantado mistura melhor que todos uma rima entre a ficção e o documentário. Em Xerazade acompanhamos a princesa a ter a epifania final de que a realidade e o imaginário nunca podem estar juntos. Uma maldade que na história O Inebriante Conto dos Tentilhões ganha um outro fôlego; pede-se ao espetador para entrar num mundo à parte, o mundo dos passarinheiros, encanto dissimulado de um grupo de lisboetas abstraído da crise. Por fim, A Floresta Quente, onde uma chinesa narra a sua vinda para Portugal, onde se apaixonou por um polícia. Sem a euforia exposta do Volume 1 e a pressão de tragicomédia do Volume 2, ficamos agora com uma sensação áspera nos nossos olhos. A odisseia termina e vemos Portugal ali tão perto de uma terra de génios da lâmpada e cantos de tentilhões. Dir-se-ia que é um filme infinita e ternamente cândido. No meio daquela desordem há uma impressão de coreografia e de encenação absolutamente rigorosa. Mesmo quando os achados parecem e podem estar à solta. Quando surgem têm uma força de cinema reativo.

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