As eleições são a festa da democracia - votem!

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Costuma-se dizer, aliás com toda a propriedade, que as eleições são a festa da democracia. O voto é, assim, mais do que um dever cívico. É o momento único, daí o seu carácter festivo, em que escolhemos quem por nós decide, seja no Governo, nas Câmaras, na Presidência da República, como vai ser agora o caso, ou ainda na Europa.

Não creio que haja alternativa válida à democracia representativa.

Os males de que o nosso povo padece residem não no sistema político, mas no sistema económico. O voto foi sempre a grande arma dos povos. E, ainda por cima, uma arma pacífica e ordeira, não geradora da violência.

O tão falado divórcio entre eleitos e eleitores, ou, se quiserem, entre o país político e o país real, tem, na verdade, mais a ver com razões económicas e, sobretudo, sociais, do que com a suposta falência da democracia política. Prova disso é o crescimento da extrema-direita na Europa ser mais facilmente explicável pela austeridade alemã, que provocou sentimentos antidemocráticos. Mas ninguém contesta as eleições nem o voto. Os próprios partidos autoritários, agora emergentes, submetem-se ao veredicto do povo.

A grande vantagem da democracia sobre as ditaduras é que se pode mudar, através do voto - sempre ele -, quando achamos que as coisas não estão bem. Em ditadura, temos de aguentar. Em linguagem popular, é o come e cala! Além de que os democratas convivem com os adversários, enquanto os ditadores procuram eliminá-los. Mas que diferença! É a chamada superioridade moral das democracias.

Por todas estas razões, e porventura por outras que me escapam de momento, devemos ir todos votar no próximo dia 24, para escolhermos o nosso Presidente. Opções não faltam. Os debates televisivos aí estão. O leque de candidatos é bastante variado. A diversidade é uma das grandes riquezas dos regimes democráticos, como o nosso. A abstenção é um acto de cobardia, porque delegamos nos outros o que a nós compete. O antigo primeiro-ministro francês, Mendéz France, chamou mesmo desertores aos abstencionistas. Para ele, a abstenção era um acto de deserção. Mais grave do que a cobardia.

As eleições presidenciais vão realizar-se em plena vigência da presidência portuguesa da União Europeia, o que torna a festa maior, e que nos faz incompreender ainda mais os saudosos do antigo regime. Como é possível ter saudades de Salazar, que deixou os portugueses pobres e analfabetos?

Como disse Pascal, também francês, mas filósofo, "le coeur à des raisons, que la raison ne connait pas".

Escreve segundo a norma anterior ao Acordo Ortográfico

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