Ao fim de nove anos Porto Covo perde 'rave'

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Se tudo decorresse como até agora, amanhã realizar-se-ia a 9.ª edição da rave de Porto Covo, no Alentejo. Mas este ano, o evento, integrado nas festas em honra de Nossa Senhora da Soledade, não vai existir. As entidades responsáveis pela emissão das licenças fizeram cumprir a lei e não autorizaram a realização da rave. Isto à semelhança do que aconteceu nos anos anteriores, mas, com "alguma condescendência", a Praia Grande foi sempre palco de "borga" até às tantas da matina.

Desta vez, não houve complacência e a legislação vai mesmo ser levada à letra. O Plano de Ordenamento da Orla Costeira Sines/Burgal proíbe a realização destas actividades em zonas protegidas, como a Praia Grande. E o novo director do Parque Natural do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina não cedeu e desautorizou o evento, que chega a reunir milhares de pessoas na praia no último sábado de Agosto.

E se é verdade que o parecer do Parque Natural é vinculativo, sendo por si só suficiente para impedir a realização da rave, este fica ainda mais reforçado com a posição tomada pelo capitão do Porto de Sines, a outra entidade responsável pela viabilidade desta festa. Ao DN, Guilherme Marques Ferreira explica que se a utilização do espaço tem de ser autorizada pelo Parque Natural, já a segurança dos utentes é da responsabilidade da Capitania de Sines. "Como eu considero difícil garantir a segurança quando se concentram três a quatro mil pessoas que consumiram álcool num espaço confinado como a Praia Grande, que no dia seguinte é bastante frequentada, concordo com o parecer do Parque Natural", sublinha aquele responsável.

Garantindo que todos os anos o Parque Natural deu parecer desfavorável, Guilherme Marques Ferreira, que tomou posse em Março, não comenta o que terá acontecido nos anos anteriores para a rave se ter realizado. Mas assegura que "a capitania reforçou sempre a segurança". Uma coisa é certa: "Agora está-se a cumprir a lei."

Foi isto mesmo que o capitão disse ao presidente da Junta de Freguesia de Porto Covo, entidade organizadora do evento. Ao DN, José Manuel Arsénio diz aceitar a decisão das entidades competentes, mas lamentar o facto de "não se ter conseguido autorização para realizar um evento que é já uma tradição local e que arrasta milhares de pessoas nacionais e estrangeiras que acabam por beneficiar o comércio".

Questionado sobre uma possível infracção à lei, o presidente da junta garante que tal não irá acontecer. "Nós preferimos agir pacificamente e respeitar as decisões tomadas". Mas nas anteriores edições, tal não aconteceu. "Porque havia uma certa condescendência que permitia que se fizesse a rave", sustenta José Manuel Arsénio, que apesar de estar no seu primeiro mandato, já fazia parte da junta. Entidade que, segundo o seu presidente, se encarrega da limpeza da Praia Grande para garantir a segurança dos banhistas no dia seguinte à rave. "Acredite que a praia fica limpa", frisa o autarca.

Quem não acredita que assim seja é o capitão do Porto de Sines. "É impossível garantir a limpeza e a segurança de uma praia onde uma festa com as características de uma rave dura até às 07.00. Às 09.00 já há banhistas e a praia não se limpa em duas horas", refere.

Questionados sobre se a decisão tomada este ano está relacionada com os desacatos que terão surgido no ano passado, ninguém admitiu haver ligação, chegando o presidente da junta a dizer que o que foi noticiado "não aconteceu".

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