Angolanos reclamam reciprocidade na banca

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As autoridades de Luanda há mais de ano e meio que vêm manifestando junto do Governo português a sua vontade de concretizar uma relação mais estreita no sector financeiro. A reciprocidade é o conceito orientador para o lançamento de novos negócios na fase actual de crescimento explosivo da economia angolana.

Esta vontade tem vindo a materializar-se na entrada da Sonangol na Galp, através da participação de Américo Amorim na empresa, e no BCP, bem como no lançamento de um novo banco em Portugal, o BIC, através da associação de capitais de Américo Amorim e de Isabel dos Santos, filha do Presidente da Angola, José Eduardo dos Santos. A empresária também está envolvida num importante investimento nas telecomunicações angolanas em parceria com a PT.

Meios ligados ao investimento directo em Angola em sectores não financeiros dão conta de várias negociações em curso nos sectores do turismo, do mobiliário, da produção florestal e do sector da distribuição. Vários investidores angolanos estarão em contactos exploratórios para o investimento directo em Portugal. No investimento cruzado, cá e lá, desponta o grupo angolano Gema, com Carlos Feijó, antigo chefe de gabinete do presidente angolano.

É neste contexto que José Eduardo dos Santos terá dado recentemente instruções no sentido de alargar a entrada de sócios angolanos nos banco portugueses a operar naquele país. A vontade manifestada de participar no capital social do BCP, BPI e BES, com participações até 50%, que o Expresso ontem reportava, prossegue vários objectivos. Pretende garantir a partilha de negócios altamente lucrativos a elementos da nova classe empresarial emergente, reforçar os conhecimentos de investidores angolanos num sector vital para o suporte do crescimento invulgarmente dinâmico da economia angolana e reconstituir o relacionamento com os meios financeiros internacionais, que continuam a olhar com alguma desconfiança para o contexto institucional dos negócios naquele país africano.

A CGD e o Finibanco estão em vias de concretizar a implantação em Angola com accionistas locais, considerando esse aspecto do negócio como natural e recusando classificar como pressão a participação angolana nos seus projectos. Aliás, no seguimento do que vem sucedendo com o sector financeiro português a operar em Moçambique. O BCP e o BPI já manifestara às autoridades de Luanda a sua abertura à dispersão em bolsa de parte do capital dos bancos a operar no país, o que é visto com bons olhos. Mas o objectivo de Luanda é mais ambicioso. Trata-se de encontrar parceiros angolanos para cada banco com a dimensão financeira e capacidade de gestão que lhes confira a prazo protagonismo próprio nesse sector estratégico.

Mas há quem critique os objectivos de Luanda. Horácio Roque disse ao DN que esta notícia não é boa nem é benéfica para o desenvolvimento dos negócios com Angola. Resta saber como vai ser posta em prática esta entrada de investidores angolanos na banca e quem são eles. |

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