Ana Duarte: "A nossa marca é pensada para todos os tipos de corpos"

Depois de passar pelo concurso Sangue Novo em 2016 com uma menção honrosa, Ana Duarte, também conhecida como Duarte, apresentou a nova coleção Street Swell na ModaLisboa. A <em>designer</em> esteve à conversa com DN para falar sobre sustentabilidade e inclusividade no mundo da moda.
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Qual foi o processo de criação desta coleção?

No seguimento da última coleção que tinha sido influenciada no break dance e toda a cultura urbana, que é no fundo tudo o que influencia a nossa marca, decidi ir para aquilo que iniciou o streetwear. No fundo​ q​​​​​​uis criar uma homenagem ao skate que está presente desde dos anos 80 na vida urbana. Normalmente, os skaters são sempre trendsetters porque acabam por perceber as tendências muitos antes do que o público. Portanto, quis fazer uma homenagem e foi um processo muito orgânico.

Nesta coleção o que é que foi mais desafiante?

Não sei... talvez entrar no mundo dos skaters. Nunca andei de skate, mas sempre foi uma das coisas com que cresci. Nasci em 1991 e cresci com skaters. Entrar neste mundo e dar-lhe um twist para uma coisa atual talvez tenha sido o mais difícil. Ao trazer de volta os anos de 1990, acabou por levantar questões como o que podemos fazer para tornar isto divertido e mais atual.

Porquê trazer streetwear para a ModaLisboa?

Streetwear é que nós todos utilizamos e porque não fazê-lo com design e de uma forma inovadora. A nossa marca é de streetwear mas não vamos fechá-la numa caixa. Acaba por ser roupa usada que tem design e exclusividade. E acaba por ser mais acessível a nível estético para mais gente.

Sente que existe falta de coleções de streetwear em eventos como este?

Não necessariamente. Acho que todos os designers têm estilos completamente diferentes, complementamo-nos uns aos outros. E acabamos por cada um ter a sua própria linguagem. Claro que há designers mais alternativos ou mais conceptuais e outros mais comerciais. Acho que é tudo parte de uma história de uma comunidade que cria e está sempre a evoluir.

Relativamente à sustentabilidade que é um dos temas da ModaLisboa, esta vertente está presente na nova coleção?

A nossa marca tem a vertente sustentável sempre em mente, desde da procura dos materiais até à forma como fazemos as peças, que são feitas em Portugal com carinho e cuidado pelas nossas costureiras. Os nossos materiais são orgânicos reciclados e certificados. Por isso, quando vemos os impermeáveis, eles têm uma certificação de rastreabilidade. Acho que é super importante falarmos de sustentabilidade. Qualquer dia até passa a ser um tópico que vai deixar de ser falado porque tudo vai ser sustentável. Todas as decisões deveriam passar por aí. Deve-se pensar na sustentabilidade como um todo, tanto a nível social como económico.

Como é que se sente por apresentar na ModaLisboa?

É sempre uma honra e um orgulho fazer parte desta equipa. No fundo, conseguir contar uma história. Conseguimos passar uma história diretamente ao consumidor e mesmo às lojas com quem trabalhamos. Mostramos com uma música, com styling, com várias pessoas de géneros diferentes de como a marca se encaixa no público.

Não há muitas mulheres designers nesta edição da ModaLisboa. Qual a sua opinião sobre isso?

Nunca tinha pensado muito sobre isso. Não sei, acho que me sinto mais honrada por fazer parte do grupo feminino. Acho que todos nós temos visões diferentes. Eu sou bastante feminista na medida em que acho que as mulheres e os homens tem todos os mesmos direitos. A nossa roupa acaba por ser também muito unissexo. Acho que a moda está sempre a desenvolver-se e há sempre novos criadores a aparecer.

Qual foi o processo de seleção dos modelos?

Normalmente a ModaLisboa acaba por fazer um pré-casting. Temos algumas opções e daí afunilamos. Tentamos que seja o mais diversificado possível. Neste caso, nós tivemos dois convidados especiais. O Hugo Rocha, um surfer adaptado, que embora não seja skater anda muito bem de skate, fez todo sentido ser um dos convidados porque a nossa marca é pensada para todos os tipos de corpos. Tivemos também o Tiago Teotónio porque está relacionado com a nossa marca e é super cool.

As coleções da marca Duarte são muito unissexo, porquê?

A marca começou por ser de roupa de homem, mas depois começamos a ter muitos pedidos por parte de mulheres. Organicamente conseguimos ajustar de forma a perceber o que o cliente queria. A nível de modelagem, conseguimos fazer de forma a que as peças funcionassem para todos e com todas as cores. É homem e mulher mas dá para tudo.

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