Desde a contratação de David Beckham pelos Los Angeles Galaxy em 2007 que a liga norte-americana de futebol, Major League Soccer (MLS), parece ter ganhado um fôlego que muitos não esperavam vindo de um país em que o futebol está a anos-luz da cobertura mediática de desportos mais patrióticos como o basebol, o futebol americano ou mesmo o basquetebol. .O golpe de marketing, que já havia sido tentado com jogadores como Figo ou Zidane, parece ter surtido algum efeito e, cada vez mais, as equipas norte-americanas apostam em jogadores de renome para atraírem espectadores aos estádios e tornarem o negócio do futebol mais lucrativo num mercado tão apetecível como é o dos Estados Unidos. .A estratégia é seguida com regras financeiras rígidas para evitar entrar nas loucuras que fizeram ir à falência a irmã mais velha NASL (ver peça ao lado). Este ano foi a vez de Freddy Ljungberg rumar aos Estados Unidos. Para 2011 fala-se na contratação de Thierry Henry, avançado francês de 32 anos, que já admitiu a hipótese de "jogar nos New York Red Bulls quando o contrato com o Barcelona terminar"..No cerne desta crescente atracção de grandes vedetas europeias pela MLS está uma mudança legislativa simples, relacionada com a vinda de Beckham. A lei do tecto salarial promovia a paridade entre clubes e o controlo de custos na liga norte-americana, mas não permitia salários chorudos que atraíssem vedetas mundiais. Solução? Mudar a lei. Ou, pelo menos, contorná-la. Foi assim que foi introduzida a regra do jogador nomeado, também conhecida por regra Beckham, que permite a cada equipa ter o direito de contratar um jogador que tenha um vencimento que não entre nas contas dos 2,3 milhões de dólares anuais permitidos para pagar os vencimentos do plantel - por comparação, o salário do astro inglês é de 6,5 milhões de dólares anuais. .Esta mudança substancial parece destinada a trazer a MLS para a ribalta. O público norte-americano continua a preferir jogos com mais paragens e mais momentos de pontuação e nem a "americanização" das leis do jogo (contagem regressiva no marcador ou grandes penalidades para decidir em caso de empate) surtiu maior interesse. .No entanto, há um novo público- -alvo, que se tornou um mercado bastante apetecível nos últimos anos, composto pelos emigrantes, sobretudo a enorme comunidade hispânica que vive nos Estados Unidos, que já ascende a cerca de 45 milhões de pessoas. Não é, pois, de estranhar o facto de nove canais garantirem as transmissões televisivas das partidas de futebol e a associação de quase duas dezenas de patrocinadores/parceiros oficiais à MLS; como a Adidas, que tem um contrato para "vestir" as quinze equipas em prova. .No negócio querem também entrar grandes clubes mundiais. Seguindo o exemplo do Chivas Guadalajara, popular clube mexicano que criou uma filial na MLS, em Los Angeles - o Chivas USA -, emblemas como o Boca Juniors, da Argentina,ou mais recentemente o Barcelona têm demonstrado interesse em terem um franchise nos Estados Unidos. .Os blaugrana até já revelaram a preferência por Miami como base da futura equipa, que será gerida em sociedade com o empresário boliviano Marcelo Claure. No entanto, para que este projecto seja uma realidade, é necessário adquirir uma licença para a formação do clube por um valor entre os 23 e os 30 milhões de euros, bem como apresentar um plano de financiamento e construir um estádio. .Desde 2008 que o projecto catalão se encontra em estudo. Certo é que nos próximos dois anos, três outras equipas mais convencionais engrossarão o quadro competitivo norte-americano: Philadelphia Union (2010), Portland Timbers (2011) e os Vancouver MLS (2011), que serão a segunda equipa canadiana a entrar em competição.