Altice não muda planos mesmo que falhe compra da TVI
A Altice não revela qual o plano B caso a compra da Media Capital não obtenha luz verde da Autoridade da Concorrência, mas o grupo dono do Meo deixa a garantia: a estratégia de convergência entre telecomunicações e media é para manter.
"A nossa estratégia não vai mudar. A maior convergência entre media e telecomunicações é boa para o grupo e vamos continuar em todos os países em que estamos presentes," garante Alain Weill, CEO da Altice Media, num encontro com jornalistas em Paris. Os motivos são simples: com esta estratégia há menos churn (mudança de clientes), aumento da receita média por cliente e as margens melhoram.
A operação de mais de 440 milhões de euros está a levantar forte oposição dos concorrentes NOS e Vodafone que temem que os conteúdos da TVI lhes fiquem vedados, hipótese que o grupo fundado por Patrick Drahi tem sempre negado. E o mesmo diz Alain Weill. O CEO da Altice volta a garantir que em Portugal os conteúdos TVI serão disponibilizados à concorrência. "Não há risco de termos a TVI e a TVI24 reservada para os clientes Meo, será distribuída nas outras plataformas. A Altice foi firme, não quer o exclusivo da TVI e da TVI24, mas é importante para as telecom assegurar acesso aos conteúdos no futuro", justifica. "Queremos desenvolver o negócio de media em Portugal", diz Alain Weill. Por isso, a ideia é desenvolver novos projetos, como "novos canais de séries ou cinema". "Tal como em França, a operação de fusão entre a Media Capital e a PT trará uma série de novas propostas para a TVI."
Em França, desde 2015, altura em que a Altice assumiu o controlo do grupo NextRadioTV, o grupo já criou mais sete canais de televisão, do quais cinco de desporto com a SFR potenciando os direitos desportivos como a Liga dos Campeões adquiridos para França. Um conjunto de novos projetos que teve um impacto de 20 milhões ao nível de custos nos resultados do grupo, adianta Weill. E há planos de no próximo ano arrancar com mais dez canais regionais de informação. Estratégia que pode ser replicada em Portugal.
"Estou muito seguro de que os reguladores farão o seu trabalho da melhor maneira e esperamos finalizar esta compra", assegura Michel Combes. O CEO da Altice tentou afastar receios de que a concentração de ativos de media e de telecomunicações possam gerar situações de perigo de pluralismo nos media ou de interferência a nível editorial. "A Media Capital terá toda a liberdade editorial em termos de conteúdos, como todos os media que temos" em outros mercados, garante.