Depois dos 12 trabalhos de Hércules e de Phileas Fogg ter dado a Volta ao Mundo em 80 dias na obra de Júlio Verne, eis a odisseia de Pierre Rizo. Este professor francês de Educação Física decidiu, aos 33 anos, combinar as suas duas maiores paixões - desporto e viagens - e criar o desafio World Sport Challenge..Entre os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, disputados no ano passado, e os de Tóquio, que realizar-se-ão em 2020, Rizo propôs-se a praticar 40 desportos em 40 países diferentes no hiato olímpico de quatro anos. Os países não são escolhidos ao acaso: o professor gaulês escolheu especificamente locais nos quais uma modalidade tenha um significado histórico, quer pela sua criação quer pelo país se destacar no desporto.."São os dois fatores que orientam a minha vida, as viagens e o desporto. Desde o jogo de basquetebol na praia de Veneza ao jogo de futebol na Tailândia, nadar nos quatro estilos na Austrália, fazer ciclismo nas montanhas do Peru ou luta nas praias do Havai... Tudo isto oferece a oportunidade de ir até às pessoas, praticar desporto, divertir-se e sentir-se completo com o desporto", reagiu, em entrevista ao L"Équipe..Pierre Rizo traçou um plano de quatro anos e começou a sua jornada em setembro, em Istambul, onde começou por praticar luta. Seguiu-se o halterofilismo em Sófia, Bulgária, e a maratona em Atenas. Após recuperar dos sempre duros 42,195 quilómetros a correr, seguiu-se um jogo de golfe em Dublin, partidas de ténis-de-mesa na China e o badmínton em Kuala Lumpur, na Malásia. A próxima paragem está marcada para a Coreia do Sul, onde vai praticar taekwondo.."Acompanhei todos os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro. Pensei, "tenho de fazer alguma coisa". Quis ligar os desportos olímpicos às viagens. O espírito olímpico dura pouco tempo, pois só acontecem de quatro em quatro anos. Quis algo que prolongasse essa paixão", explicou..Apesar de ter feito uma pré-seleção de 40 desportos, Rizo admite que poderá acabar por praticar ainda mais. "Defini 40 modalidades porque são essencialmente os 40 desportos mais marcantes dos Jogos Olímpicos. Posso acabar por fazer mais. Em Pequim, aproveitei e joguei também badmínton", recordou..Portugal não está na agenda.Não é um acaso Rizo necessitar de quatro anos para cumprir o plano traçado: o professor de Educação Física está a conciliar as aulas com o World Sport Challenge. "Aproveito as férias e os períodos vagos. A minha próxima viagem só acontecerá em abril, para a Coreia do Sul. Consigo gerir tudo. Não podemos esquecer que estou a financiar tudo, por isso verei se haverá a possibilidade de contar com algum parceiro", sublinhou..Embora as viagens sejam planeadas antecipadamente, Pierre já chegou a países onde não sabia por onde começar para praticar o desporto. "Para a Maratona de Atenas, limitei-me a fazer a inscrição. Cheguei e corri, não preciso de mais nada. Para outros destinos é mais complicado. Em Pequim, cheguei e fui a uma sala de ténis-de-mesa, onde estavam a jogar crianças. Estavam todos a olhar para mim, e eu não sabia como comunicar. Só no final do treino lá consegui explicar-me aos treinadores e disse que queria jogar. Estive 45 minutos a jogar com eles", explicou..O facto de estar a filmar as suas viagens, e a partilhar as suas aventuras nas redes sociais - a sua página no Facebook é pouco conhecida, com pouco mais de 800 gostos -, contribui para que Pierre tenha de dar explicações em alguns dos países que visita.."Na China foi complicado. Ninguém percebia por que é que eu estava com uma câmara. A barreira linguista foi complicada, mas consegui explicar-me. No final, todos ficam com orgulho quando explico que escolhi aquele país para o promover através de um desporto", frisou..No programa que o francês já deu a conhecer, Portugal não está entre os destinos, apesar de o país ser um dos que mais desportistas federados tem por habitante - há mais de 400 mil portugueses inscritos nas diversas federações de desporto, sem contar com todos os seguidores de desporto e atletas amadores.."Já programei as minhas viagens para 2017, mas ainda está tudo sujeito a alterações. Por exemplo, a minha próxima viagem é para Seul, em abril. Mas em fevereiro há a possibilidade de se abrir ali uma janela e de eu tentar qualquer coisa. Vou também aproveitando o tempo para praticar algumas modalidades antes dos testes a sério nos outros países", contou o professor/ /atleta francês.