A vida de Bryan em números

Música. Bryan Adams actua segunda no MEO Arena, em Lisboa, terça em Gondomar.
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Está em viagem pelo mundo para apresentar o novo álbum, "Get Up". Aproveitamos a deixa e recordamos o percurso do canadiano através da matemática.

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56

Se é para começar, comecemos pelo princípio. Bryan Adams nasceu em 1959. Celebra o aniversário a 5 de novembro, o que, diz a matemática, dá 56 anos de idade. Bryan Adams não é uma assinatura artística que o músico escolheu para colocar nos discos, nada disso. É mesmo o nome dele, falta aqui apenas o do meio, Guy, e está feito. Nasceu em Kingston, na província canadiana de Ontário, filho de ingleses que deixaram a Grã-Bretanha poucos anos antes. O pai, Conrad, era militar e foi depois diplomata, percurso que levou a família a viver em diferentes países, incluindo Portugal - e é aqui que entra a popular história de Bryan Adams com morada em Cascais e que o torna meio português, naturalmente. Há um outro Adams, como diria Yoda sobre os Skywalkers: chama-se Bruce e é mais novo. Já agora, aproveitemos para lembrar que o artista tem duas filhas com Alicia Grimaldi, até porque é uma ótima oportunidade para ver estes nomes escritos: Mirabella Bunny e Lula Rosylea. Lê-los em voz alta é ainda mais interessante.

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Com esta curta idade, Bryan Adams estava a ter consultas de psiquiatria. Vivia então em Israel e os pais, preocupados com a falta de interesse que o garoto demonstrava nas coisas da escola, decidiram que uma opinião clínica podia dar pistas para resolver a questão. Mas essa mesma questão tinha uma solução simples: o miúdo não era dado às aulas. Em 2008, numa entrevista ao jornal inglês Telegraph, Adams recordava o "doutor Kaplan" como "um tipo muito simpático" que lhe disse: "Sabes, Bryan, tu não devias estar aqui; os teus pais é que deviam estar aqui." Afinal, a consulta serviu para alguma coisa. "Percebi que era verdade. Foi libertador, de certa maneira: deu-me confiança para perceber que estava tudo bem comigo." Ora bem. Aos 15 estava fora da escola e pouco depois a mãe teve que ir buscá-lo à esquadra por uns pequenos desvios à norma. Nada de mais, o miúdo queria era música.

1980

Foi o ano em que lançou o primeiro álbum mas não foi nesta data que se tornou um músico popular. E é fácil compreender porquê, basta ver o alinhamento dos primeiros discos de Adams. Na verdade, tanto a estreia, homónima, como o seu sucessor, You Want it You Got it, não têm nenhuma canção incluído naquele grupo de temas que motiva um imediato e pavloviano "ah, esta é do Bryan Adams". Nem uma. Foi preciso que chegasse 1983 e o terceiro álbum, Cut"s Like a Knife, para que tal acontecesse, ainda que só com duas canções: a que dá título ao disco e Straight From The Heart (já está a cantarolar o refrão e hoje já não lhe vai sair da cabeça, não é?). Claro que nada tinha preparado o mundo para o que aconteceu em 1984 - e não, por acaso desta vez não estamos a falar do primeiro álbum dos Smiths. Foi o ano em que saiu Reckless, o disco que ainda hoje vende umas quantas cópias todos os dias e que já ultrapassou os 12 milhões de unidades despachadas. A maior das curiosidades sobre este disco: das dez faixas fazem parte One Night Love Affair, Run to You, Heaven, Summer of 69 e o dueto com Tina Turner, It"s Only Love; mas a revista Kerrang classificou-o, em 1989, como 49º melhor álbum de heavy metal da história. Gente como Iron Maiden, Anthrax, Alice Cooper ou Judas Priest têm discos abaixo dessa classificação.

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10

Uma dezena de canções, neste caso as mais vistas de Bryan Adams no YouTube. Por ordem decrescente: (Everything I Do) I Do It For You, Please Forgive Me, Heaven, Have You Ever Really Loved a Woman, Summer of 69, Everything I Do (...) outra vez mas ao vivo, Here I Am, Straight From The Heart, Heaven e All For Love. Ao nível da estatística, já agora, acrescente-se que só as duas primeiras passam os cem milhões na contagem de visualizações. E que o vídeo mais visto na história do YouTube é Gangnam Style, do sul-coreano Psy, com mais 2,5 mil milhões de visualizações.

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5

Este pequeno número parece aqui meio deslocado mas a verdade é que faz sentido. Cinco é o número de vezes que o Chelsea F.C. ganhou, até ver, a Premier League inglesa - três delas com José Mourinho como treinador. E Bryan Adams é um grande fã do clube. Chegou mesmo a dedicar-lhe a canção We"re Gonna Win, do álbum 18 Till I Die e é fácil encontrar no YouTube montagens que juntam o tema com imagens dos jogadores do Chelsea. E se alguém der com mensagens de apoio ao clube londrino no twitter do músico não se surpreenda. Isso e encontrar o próprio Bryan Adams nas ruas do bairro de Chelsea. É onde tem vivido a maior parte do tempo, nos últimos anos, numa casa que na verdade são duas casas mais um pub que ele comprou e transformou numa só habitação. Uma categoria. Mas há mais: Adams gosta tanto de Chelsea que está disposto a torná-lo um bairro melhor. Através da sua fundação - que, sem pinga de originalidade, tem por nome The Bryan Adams Foundation - já financiou melhorias em escolhas, academias artísticas e hospitais. Tudo o que ele faz, faz por Chelsea, é mais ou menos isso, baby.

2,7

Esclareçamos desde já o essencial. Estes 2,7 são milhões. Aliás, estes 2,7 são milhões de dólares. O que, respeitando os valores do câmbio actual, dá 2,5 milhões de euros. Ora bem. Foi o preço de uma guitarra leiloada em 2005, numa iniciativa que Bryan Adams coordenou e que contou com gente de bom nome como Eric Clapton, Keith Richards, Jimmy Page, David Gilmour, Jeff Beck, Mark Knopfler, Ronnie Wood, Sting ou Paul McCartney. Todos eles assinaram a Fender Stratocaster vendida com o objectivo de ajudar as vítima do tsunami de 2004 que arrasou com o sudoeste asiático, através da campanha Reach Out To Asia. Os músicos transformara esta Strat na guitarra mais cara de sempre, marca que dificilmente será ultrapassada a não ser por uma nova ideia do mesmo género. Convém dizer que esta foi apenas mais uma iniciativa do músico para ajudar muitos outros. É um vício como outro qualquer mas muito mais saudável. Elencar aqui todas as campanhas que já contaram com a participação do canadiano iria ocupar muito espaço e dezenas de zeros. Mas é sempre bonito lembrar que tudo começou em 1985 quando fez parte do alinhamento do concerto Live Aid. No estádio JFK, em Filadélfia, tocou Kids Wanna Rock, Summer of 69, Tears Are Not Enough e Cuts Like a Knife. Ainda que essa tarde continue a ser lembrada mais vezes pela fracassada reunião dos Led Zeppelin, com Phil Collins na bateria. Enfim.

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99.300

Quase cem mil seguidores no Instagram. Não é mau, não senhor, ainda assim Cristiano Ronaldo, por exemplo, tem mais de 45 milhões. Mas é tudo uma questão de gosto. E sobre fotografia Bryan Adams tem muito e bom. Decidiu começar a fotografar com mais regularidade quando percebeu que não tinha grande memória dos sítios que já tinha visitado. E isto no final dos anos 90, quando as digressões mundiais não eram novidade há muito. De volta à tal conversa com o Telegraph que já aqui referimos. O cantor-fotógrafo confessava então que nessa altura lembrava-se "do nome das cidades mas não de como eram". Estava "100 por cento concentrado na música, como se estivesse cego para tudo o resto" e decidiu que já era tempo de parar com essa brincadeira. Começou a fazer exposições em 1999 e quem passar por Torun na Polónia até ao próxima dia 31 ainda pode ver, no Centro de Arte Contemporânea a exposição Exposed, que passou pelo Centro Cultural de Cascais há pouco mais de um ano. No meio de tudo isto tem uma vasta colecção de retratos de gente famosa. E desses álbuns fazem partes as fotografias que tirou às fadistas Aldina Duarte, Ana Moura, Carminho e Gisela João. Repetimos: muito e bom gosto.

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Este foi o total de semanas consecutivas que Bryan Adams passou no primeiro lugar do top britânico de singles quando lançou (Everything I Do) I Do It For You, um recorde que ainda se mantém. A canção - co-escrita com Michael Kamen e Robert "Mutt" Lange - fez parte da banda sonora do filme Robin Hood (aquele com Kevin Costner no papel principal mas em que o maior é Alan Rickman, claro está), e os dois títulos juntos geraram um dos maiores fenómenos pop de 1991, o mesmo ano que deu ao mundo, por exemplo, Nevermind, dos Nirvana. Só não foi o filme com mais êxito de bilheteira de então porque foi contemporâneo de Exterminador Implacável 2. Mas o single, que surgiu no sexto álbum de Adams, Waking Up The Neighbours, e na banda sonora oficial de Robin Hood, foi a canção de maior sucesso a nível mundial desse mesmo 1991 e até hoje já vendeu mais de 15 milhões de cópias. Já agora, os temas que compõe o restante top 5 de há 25 anos: Black or White", de Michael Jackson, Joyride, dos Roxette, Wind of Change, dos Scorpions, e Losing My Religion, dos REM.

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O músico ainda não tinha 30 anos quando decidiu ser vegetariano. Em 2008, ao jornal britânico Guardian, explicou que fez tal escolha "por motivos de saúde": "Sigo a regra que diz que se uma comida tem o aspecto de algo que te vai entupir o sistema, então é porque provavelmente vai fazê-lo." Ao mesmo tempo, Adams tem sido um defensor público dos direitos dos animais e é apoiante da PETA, a organização mundial apologista do tratamento ético dos animais. Não tem nenhuma canção com um animal no título mas assinou, com Hans Zimmer, em 2002, a banda sonora de Spirit, filme de animação da DreamWorks que conta a história de um cavalo no Oeste selvagem da América.

Bryan Adams

Meo Arena, amanhã às 21.30, bilhetes entre 35 e 60 euros

Terça no Pavilhão Multiusos em Gondomar, às 21 (bilhetes de 40 a 60 euros)

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