A verdade de Gerard Butler.

Em <em>O ABC da Sedução,</em> o escocês Gerard Butler não grita «eu sou Esparta» como em <em>300,</em> mas soltou-se-lhe a língua a proferir impropérios contra as mulheres que acreditam no amor puro e no príncipe encantado. Um papel que assenta como uma luva à sua fama de mulherengo. Em Londres, falou com a nm e tentou disfarçar que quer ser o sucessor de Sean Connery. O filme, esse, estreia esta quinta-feira.<br />
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Depois de O Fantasma da Ópera e do épico 300, Gerard Butler tornou-se uma espécie de actor machão que fazia falta a Hollywood. Depois dele já chegou o latagão Sam Worthington, que ainda há pouco deu nas vistas no último Exterminador Implacável. Estes dois actores são, para já, os únicos rivais sérios do mais duro dos duros: Russell Crowe. Mas em vez da fama de «mau rapaz», Butler alia a imagem de durão à de «tipo mais porreiraço do mundo». E é verdade; o homem está sempre a sorrir. Aperta a mão com uma humildade desarmante, tem um carisma incrível e um sotaque escocês que faz que nos apeteça ir com ele a um pub de Glasgow beber uns copos. Em O ABC da Sedução, de Robert Luketi, comédia romântica picante, interpreta uma espécie de guru de relacionamentos entre homens e mulheres, um machão que faz cair por terra a teoria de que os homens também têm sentimentos. Para ele, os homens só pensam com aquilo que têm no meio das pernas e são capazes de tudo para enganar a maioria das sonhadoras românticas. Seja como for, mesmo com tanta misoginia, a sua verdade «feia» (não é por acaso que o filme se chama The Ugly Truth…) não o impede de ser um sucesso entre as mulheres, inclusive com a sua produtora televisiva (interpretada por Katherine Anatomia de Grey Heigl), uma pudica trintona que nunca encontrou o homem certo precisamente por acreditar no «homem certo». E numa altura em que o actor é vítima de infundados rumores acerca de um suposto caso com Jennifer Aniston, Gerry, como é tratado em Hollywood, tem a coragem de dizer que adora a personagem. «Os homens às vezes falam de uma forma desbocada», diz, mas concorda que as mulheres são cada vez mais verdadeiras predadoras no jogo do engate: «Acho que poderia haver uma versão feminina deste filme. Sou de opinião que nunca deveríamos generalizar. De certa maneira, este filme tenta apenas brincar com a ideia de generalização do papel do macho e de que nós somos mais sexuais e elas mais emocionais. Sinceramente, acho que as mulheres querem o mesmo que os homens. A maior parte das mulheres quando conhecem um homem não estão à procura do amor. Há dias, em Los Angeles, durante as entrevistas de promoção a este filme, as minhas assistentes não saíram de perto do elevador do hotel. A razão? Estavam a controlar os corpos dos jogadores do Inter de Milão, que se encontravam no mesmo hotel.» Depois, com um sorriso matador, faz uma confissão: «Não tenho nada de feminino. Sou homem até ao tutano!» [pausa]. Solta uma gargalhada: «Não, estava a brincar, tenho um fraco por crochet…»
Quando conheceu a sua co-protagonista, Katherine Heigl, terá olhado logo para o seu decote, numa atitude de provocação. Pelo menos é o que diz o realizador, Robert Luketi. Gerry fica atrapalhado quando lhe pedimos para fazer um comentário sobre o dia em que as duas estrelas se conheceram: «Não me lembro de ter ficado a olhar para os seus seios. Se calhar, fiquei… Mas isso deve ser o Robert a gozar. Tenho o maior respeito pela Katie. Sabe, quando conheço uma actriz com a qual vou contracenar pela primeira vez fico muito nervoso. Pode dar-se o caso de não haver química entre nós…» Mas existe, e é talvez a melhor coisa do filme. Já em Rocknrolla o actor tinha demonstrado uma química sensual com Thandie Newton. E nem a fama de ser um homem de festas e de damas o impede de dizer: «Se usar truques para seduzir são do subconsciente. Nunca tenho um plano para engatar! Ainda hoje fico nervoso quando falo com uma mulher que me atrai. Tenho receio de me estampar e fazer figura de tolinho. Aos 16 anos, comecei a ir a discotecas e fazia-me impressão quando alguns dos meus amigos se dirigiam às raparigas e lhes pediam para dançar. Eu nunca conseguia fazer isso. Só de pensar na vergonha de ser rejeitado em frente a todos…Talvez a minha virtude seja a de ser igual a mim mesmo.»
Agora que actor vai ver o seu estrelato subir por causa de O ABC da Sedução, vêm aí mais dois filmes. Primeiro, Gamer, thriller em que partilha o ecrã com outra estrela da televisão americana, Michael C. Hall, da série Dexter. Depois, Law Abiding Citizen, outro thriller em que interpreta um advogado sem escrúpulos. Se ambas as fitas forem êxitos de bilheteira, Butler entra no clube dos actores da lista A, ou seja, os grandes estúdios vão começar a apresentar projectos pensados para ele. Por isso, o próprio admite que adora ser herói romântico ou de fitas de acção: «Sei que posso ser muito sensível, mas logo a seguir apetece-me fazer algo que envolva dança. Ao mesmo tempo, adoro fazer cinema de acção e personificar tipos duros. Adoro também aqueles papéis em que o herói se sacrifica pela honra.» Ou seja, este homem quer tudo. Nada que espante em alguém que estudou Direito e teve as melhores notas e depois não quis ser um advogado de sucesso. E quererá ficar solteirão e «tarado» para sempre? «Não sei o que poderá acontecer a seguir. Adoro as coisas como estão neste momento, embora gostasse de partilhar a minha vida com alguém. Uma coisa é certa, não vou colar-me a ninguém só porque é agradável ter companhia.» Por fim, uma pergunta inevitável, será ele capaz de ser 007? Antes de Daniel Craig roubar o emprego a Pierce Brosnan houve quem dissesse que Gerry se tinha oferecido. «Antes de mais, penso que Daniel Craig é um Bond espantoso! Ninguém faria melhor. Se fosse contratado, seria uma versão inferior dele», diz. Depois arrepende-se: «O meu Bond preferido é Sean Connery. Afinal, o máximo que poderia ser era uma versão inferior de Connery.»

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