A ver passar os barcos com turistas em direcção a outras paragens

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Sável no espeto é uma das iguarias famosas de Crestuma, pequena freguesia de Vila Nova de Gaia que desce em cascata até ao rio Douro. Tem pouco mais de três mil habitantes e o Plano Director Municipal apresenta normas "tão rígidas" a esta antiga terra de fundições e indústria têxtil que é "quase impossível construir" na sua geografia acidentada.

Voltemos ao sável. Cada vez mais raro - como a pré-histórica lampreia também o é - por estas bandas da margem esquerda do Douro após os obstáculos intransponíveis das barragens e da acentuada perda de pureza das águas do rio. O segredo do sável à moda de Crestuma, às postas no espeto, está no molho e na lenha que põe no lume para o assar: terá de ser de videira, lenha seca da poda.

Prato saboroso, por certo, mas encontrá-lo nesta freguesia de Gaia surge como empresa difícil a quem não é da terra. A dificuldade tem explicação simples: "Não existe nenhum restaurante" em Crestuma. A área da restauração "é uma das nossas carências", lamenta o presidente da junta, José Fernando Ferreira, que vê no turismo uma via para o de-senvolvimento da freguesia.

A casa de um antiga quinta, próximo do centro de estágio onde o FC Porto treina, está ser recuperada para turismo de habitação. E o problema do restaurante poderá ficar solucionado, porque projecto prevê a instalação de um. E outras casas de repasto, espera o autarca, eleito pelo PSD, poderão surgir se, entretanto, o executivo de Luís Filipe Menezes estender a Crestuma o plano de revitalização da zona ribeirinha.

Até à década de setenta, do século passado, os crestumenses e gente de terras vizinhas tinham posto de trabalho garantido nas fundições e na indústria têxtil, esta com mercado nas ex-colónias portuguesas. A agricultura absorvia outra parte da mão-de-obra. Hoje, desse tempo laborioso, restam memórias e o abandono de alguns dos edifícios fabris à espera de outro aproveitamento. A agricultura também faz parte integrante do passado remoto.

Foi do rio que Crestuma cresceu. É o rio , por arte dos atletas do Clube Náutico, que leva o nome da pequena vila aos quatro cantos do mundo. No entanto, os crestumenses continuam a ver a passar os barcos cheios de turistas pelo rio acima, rumo a outras paragens.

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