A utilização da Ivermectina no tratamento de doentes com COVID-19

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Na edição do Diário de Notícias de 13/08/2023 e na crónica de Joana A. Dias, intitulada "Doses Cavalares", são feitas várias informações relativas à utilização de ivermectina no tratamento de doentes com COVID-19. Em particular, que a FDA (Food & Drug Administration, a agência americana do medicamento) teria mudado a sua posição inicial de não recomendar a sua utilização, passando a "endossar" esse tratamento.

Do ponto de vista científico estas afirmações não correspondem à realidade e carecem de validação. Não é verdade que a FDA tenha mudado de posição. Como se pode ler no site (acedido no dia da crónica): "A FDA não autorizou ou aprovou a ivermectina na prevenção ou tratamento da COVID-19 em humanos ou animais." (VER AQUI). No site oficial do governo dos Estados Unidos da América (acedido a 13/08/23) nas Recomendações para o Tratamento da COVID-19 também se lê que "A ivermectina não está aprovada pela FDA para o tratamento de qualquer infeção viral" (VER AQUI).

Com base nessa premissa errada são defendidas várias afirmações ao longo da crónica que deixam, assim, de ter evidência ou suporte científico.

A questão da utilização da ivermectina na pandemia há muito que deixou de merecer destaque científico, porque a evidência da ineficácia e do prejuízo da sua utilização na COVID-19 é esmagadora, persistindo apenas por motivos políticos. Neste caso, ações e processos judiciais de pessoas, sobretudo com conotações político-partidárias, contra entidades oficiais e sociedades científicas. Um flagrante exemplo de uma das maiores consequências da pandemia: a politização do conhecimento.

Médico e Ex-Coordenador do Gabinete de Crise para a COVID-19 da Ordem dos Médicos

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