A preto e branco se escreve a história da Almedina

A marca emblemática da literatura técnica (principalmente jurídica) não se restringe a Portugal: está no Brasil e quer crescer em África
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As paredes pretas e as estantes brancas são a imagem da marca das mais recentes livrarias do Grupo Almedina. A escolha é da responsabilidade dos arquitectos Manuel e Francisco Aires Mateus. E não é por acaso: o preto simboliza a ligação da editora à Universidade e à academia de Coimbra e o branco põe em evidência o mais importante, os livros. É disso que vive a empresa conimbricense, criada em 1955, e hoje uma referência na área dos livros técnicos (principalmente jurídicos), por todo o mundo lusófono.

"A imagem a preto e branco surgiu naturalmente. Na altura, chocou, mas, agora, as pessoas sentem-se muito bem nas nossas livrarias. Nós procurámos dar o protagonismo ao livro e ao leitor, com espaços muito sóbrios", explica, ao DN, o presidente do Conselho de Administração do Grupo Almedina, Carlos Pinto. Essa nova imagem - presente nas livrarias do Estádio Cidade de Coimbra, Arrábida Shopping (Matosinhos), Centro de Arte Moderna e Oriente-Parque das Nações (ambas de Lisboa) - é apenas mais um dos símbolos da nova Almedina, do século XXI.

Nos últimos anos, a marca cresceu e multiplicou-se. Antes havia apenas uma pequena editora, fundada nos anos 50, por um livreiro (Joaquim Machado) que começou "a publicar as lições dos professores da Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra". Agora, há um grupo multifacetado, dedicado à edição e ao retalho, presidido pelo genro de Joaquim Machado e gerido por um grupo de gestores profissionais.

Carlos Pinto, engenheiro de formação mas especializado em gestão após anos de trabalho na Sonae, entrou na empresa em 1996, "então já com o objectivo de conseguir uma maior profissionalização". E, ao longo dos últimos anos, alavancou o crescimento de uma Almedina que hoje "é completamente profissionalizada". Da pequena livraria junto ao Arco de Almedina (um dos últimos vestígios da Coimbra medieval, no centro histórico da cidade) passou a um grupo de 11 lojas espalhadas pelo País. E à editora Almedina, especializada em livros de Direito, somou mais duas, Edições 70 ("com um catálogo muito rico na área das ciência sociais e humanas") e Actual (de economia e gestão), que alargaram o leque da sua oferta de livros técnicos - sendo que a Edições 70 tem ainda a chancela Minotauro, que edita literatura contemporânea espanhola.

Agora, com a economia nacional em quebra, o desafio da Almedina é o estrangeiro e o "mercado muito abrangente da língua portuguesa", aponta Carlos Pinto. O grupo livreiro está presente no Brasil desde 2005 e lá tem encontrado uma receptividade muito grande. "Lá a marca é muito conhecida, porque há um grande intercâmbio, na área do Direito, com a Universidade de Coimbra e isso acaba por transportar-nos para o outro lado do Atlântico", explica o presidente.

Porém, o objectivo da Almedina não é só a América do Sul. "Em 2012 vamos criar a Almedina Angola e um departamento internacional dentro da Almedina em Portugal. Vamos servir melhor as comunidades de língua portuguesa que estão dispersas pelo mundo, tendo actividade em Moçambique e nos outros países", afiança Carlos Pinto, esperando chegar aos 18% de exportações em 2012.

O direito continua a ser "a área principal" de uma casa que também se orgulha de lançar outras obras, como Académica - História do Futebol, de João Santana e João Mesquita. O livro, uma "enciclopédia" sobre a história da Briosa, é um marco da identidade da Almedina, explica Carlos Pinto. "É um livro ímpar. Não podia ser feito em outra editora. Transporta muito da história da Académica, da Universidade de Coimbra e também da Almedina, três instituições que têm feito a sua história com um percurso paralelo"... e sempre em tons de preto e branco.

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