A mulher, o negro e o mórmon que querem ser pioneiros na conquista da Casa Branca

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"Estou na corrida. E vim para vencer", afirmou Hillary Clinton ao lançar o comité exploratório para a sua candidatura às presidenciais de 2008. Se conseguir o seu objectivo, a senadora por Nova Iorque será a primeira mulher a chegar à presidência dos Estados Unidos. Uma novidade. Mas não a única possível. Ainda entre os democratas, o senador Barack Obama tenciona tornar-se no primeiro negro a chegar à Casa Branca, enquanto o republicano Mitt Romney pretende ser o primeiro mórmon.

A 21 meses das eleições, Hillary foi a décima democrata a lançar a candidatura, igualando o número de republicanos. Entre os nomes que pretendem suceder a George W. Bush, tornando-se no 44º presidente, contam-se outros pioneiros. Em caso de vitória, o ex-mayor de Nova Iorque Rudolph Giuliani, que ganhou notoriedade com a resposta aos atentados do 11 de Setembro, seria o primeiro italo-americano no cargo. Quanto ao senador do Novo México Bill Richardson, que lançou ontem a candidatura, seria o primeiro hispânico na Casa Branca.

Quando falta ainda um ano para as primárias, Hillary Clinton é favorita à nomeação democrata. Uma sondagem ABC/Washington Post dá à ex-primeira dama 41% dos votos, contra 17% para Obama. Advogada especializada em Direito da Família, aos 59 anos Hillary é conhecida pela personalidade forte. Casada com o ex-presidente Bill Clinton, foi a primeira ex-primeira dama eleita senadora, em 2000. Nascida em Chicago, Hillary foi reeleita em Novembro de 2006. E pretende agora conseguir o que Geraldine Ferraro não conseguiu em 1984: chegar à Casa Branca. Filha de imigrantes italianos, Ferraro foi a única mulher a obter a nomeação de um grande partido para a vice-presidência. Mas Hillary tem armas que Ferraro não tinha. Apoiada por uma equipa experiente, a senadora é uma campeã na recolha de fundos.

Tarefa mais difícil parece ter pela frente Obama. Aos 45 anos, o filho de um queniano e de uma branca do Kansas, é a estrela dos democratas que desejam uma alternativa a Hillary. Dono de um sorriso contagiante, o senador do Ilinóis ganhou visibilidade em 2004. O seu discurso sobre a unidade da América marcou a convenção em Boston que terminou com a nomeação de John Kerry como candidato à presidência. Senador há pouco mais de dois anos, Obama é, porém, acusado de falta de experiência. O que não se podia dizer dos outros negros que estiveram mais ou menos perto da Casa Branca: o democrata Jesse Jackson, que tentou a nomeação em 1984 e 1988, era um veterano da luta pelos direitos civis. E o republicano Colin Powell, que liderou as sondagens em 1995 antes de anunciar que não seria candidato, foi conselheiro para a Segurança Nacional de George Bush pai e chefe do Estado-Maior. Mais tarde, foi secretário de Estado de Bush filho.

Quem também terá de ultrapassar um tabu para ser eleito é Mitt Romney. O ex-governador do Massachussets e organizador dos Jogos Olímpicos de 2002 em Salt Lake City é mórmon, membro da única religião fundada nos EUA. Uma desvantagem, se pensarmos que todos os presidentes americanos foram protestantes, com excepção do católico John Kennedy.

Apesar das novidades, não será de estranhar se nas presidenciais de 2008 os americanos elegerem o clássico homem, branco, protestante e governador ou senador. Como John McCain.

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