Está entre as capas mais emblemáticas do Diário de Notícias, na sua extensa existência de 158 anos. A manchete Os homens na Lua. O século XXI começou hoje, já no próprio dia da publicação, a 21 de julho de 1969, antevia um outro alcance, para lá do relato de um passo gigante como o da chegada do Homem à Lua, dos mais importantes marcos da História da Humanidade, que é a importância histórica do jornalismo na construção da memória coletiva. É por isso preciso preservar os arquivos e abri-los ao leitor (nunca é demais lembrar que desde 21 de junho de 2021 o DN publica diariamente este legado nas páginas Aconteceu em e que a 14 de julho de 2022 o seu arquivo foi declarado Tesouro Nacional)..No interior desta edição histórica, numa das suas oito páginas, o título Uma noite branca para a maior parte dos europeus. A América adormeceu a sonhar com a Lua, feliz da espantosa proeza dá lugar à prosa: "Era alta madrugada na Europa (cerca das 4 horas em Lisboa) quando a televisão ofereceu ao mundo as imagens dos primeiros passos do homem na Lua. Durante toda a noite, os olhos ávidos dos espectadores fixaram o pequeno ecrã donde lhes viria a maior proeza humana em todos os tempos. Em férias estivais ou no descanso do trabalho diário, quase todos sacrificaram uma noite de repouso para estarem "presentes" no momento que marca o matemático dealbar de um novo século e de uma nova era." Assim se inicia a descrição de como o nosso País viveu este acontecimento histórico, registando-o para o futuro..Ontem a Índia fez história. E assim se reaviva também aquele que foi o maior avanço na corrida espacial, que teve o seu início no final dos anos 1950, durante a Guerra Fria, como parte da disputa entre a América e a União Soviética pela hegemonia mundial. Hoje é diferente. O dinheiro comanda as missões. E a Índia, ao tornar-se no primeiro país a pousar na Lua perto do Polo Sul a sonda Chandrayaan-3 - feito este que os russos falharam no domingo quando a Luna-25 se despenhou na superfície lunar -, ficará perto de consolidar, principalmente perante o triângulo EUA, Rússia e China, a sua posição como potência espacial, com tecnologia com custos competitivos. Como já se viu ao longo dos anos, pousar na Lua não é fácil. À Reuters, Bethany Ehlmann, professora do Instituto de Tecnologia da Califórnia, resume o desafio: "Nos últimos anos, a Lua parece estar a comer naves espaciais.".A 21 de julho de 1969, Almada Negreiros dizia ao DN, num dos artigos a propósito da chegada do homem à Lua: "Este espetáculo inédito tem o sabor da liberdade.".Subdiretor do Diário de Notícias