Reacções. Maioria dos dirigentes ainda não quer comentar o artigo de Manuel Alegre em que o ex-candidato a PR defendeu uma "via nova para a esquerda" como forma de resposta à actual crise. Mas o debate parece ser inevitável, com uma crise internacional e a um ano das legislativas.Alegre 'agendou' debate político sobre a via nova .A via nova para a esquerda proposta ontem por Manuel Alegre no DN foi recebida com cautela pela maioria dos dirigentes e partidos de esquerda. Desde o PCP que decidiu "não comentar" até ao Bloco de Esquerda que na resposta oficial utiliza o plural majestático para dizer "lemos com atenção e as preocupações fazem parte das nossas preocupações", poucos decidiram mergulhar no debate sobre o futuro da esquerda. Paulo Pedroso no blogue Canhoto - http/www.ocanhoto.blogspot.com/ - refere que "Alegre e Soares, nas suas convergências de longo termo como nas divergências recentes, são políticos que ousaram sempre dizer o que pensam sem temor de represálias ou censuras. O que, por coincidência, escrevem no mesmo dia e no mesmo jornal abre caminhos para a renovação da esquerda em Portugal e desafia as esquerdas que se queiram portadoras de futuro. Se Mário Soares pede à esquerda que se repense, Manuel Alegre vai mais longe no apelo à ruptura das diferentes esquerdas consigo mesmas". Segundo Paulo Pedroso "é de novo tempo de buscar respostas no pensamento divergente. Haverá capacidade para ouvir o apelo à construção de novas convergências à esquerda? Haverá coragem para romper com o imobilismo? Haverá suficiente espírito aberto para procurar convergências em função das novas realidades em vez de proclamar esterilmente a excelência de velhas convicções? Se houver, pode haver vida nova para a esquerda em Portugal", frisa o deputado socialista ..Também Helena Roseta considera os alertas de Manuel Alegre muito importantes. "Houve pessoas que avisaram para o rumo que o mundo estava a tomar". A vereadora na câmara de Lisboa assume que "para uma nova via é necessário rupturas, alertando "que se prevê que a crise que até ao momento é financeira atinja também uma forte dimensão económica e social". Helena Roseta considera , por isso, ser "urgente repensar a esquerda"..O eurodeputado do BE Miguel Portas diz que "poderia subscrever na íntegra este artigo de Manuel Alegre". Em seu entender "é um artigo certeiro. Põe o dedo em muitas feridas e aponta para a necessidade das diferentes esquerdas ensaiarem processos de debate e convergência mobilizadores do ponto de vista social". Segundo Miguel Portas " o problema coloca-se um pouco por toda a Europa. Esta crise vem revelar que os aspectos internacionais e europeus estão intimamente ligados com as escolhas nacionais. O que é verdade é que há uma crise nova em cima de uma crise velha: o nome correcto para isso é depressão". E avisa: "A saída da depressão exige respostas de esquerda sob pena de os custos sociais serem absolutamente dramáticos". .O eurodeputado lembra que "Alegre aponta para uma espécie de "Die Linke", o partido alemão de esquerda que se construiu a partir de correntes de opinião "que eram muito diferentes há três décadas atrás". Mas Miguel Portas não acredita que uma alteração partidária à esquerda possa ser feita já em 2009.