A evolução das desigualdades económicas, sociais, culturais na população portuguesa não pode senão suscitar novas e mais prementes interrogações nos tempos que vivemos. Seguindo a medida consagrada de contrapor o rendimento dos 10% mais carenciados da população com os 10% que auferem mais altos rendimentos, constata-se, uma e outra vez, que, em Portugal, os últimos estão mais distanciados dos primeiros do que acontece nos países europeus de mais alto nível de vida..Sendo esta uma pesadíssima herança do Estado Novo, nestes 38 anos de Democracia a evolução foi no sentido positivo. O Estado Social cortou para metade a população em risco de cair na pobreza absoluta, criou programas sociais de apoio ao rendimento - rendimento social de inserção, complemento solidário para idoso -, que combatem ativamente a exclusão social e o empobrecimento absoluto. Mas as desigualdades sociais muito acentuadas vêm de braço dado com um gritante atraso na escolarização dos portugueses, face aos seus congéneres europeus, bem como com uma velhice muito desamparada devido à exiguidade do sistema contributivo da Segurança Social no regime anterior..Para contrariar esta vaga de fundo, o voluntarismo redistributivo do Estado Social entre nós vê-se coartado por uma década de estagnação económica, quando ele requeria um crescimento económico pujante, única forma de manter e aperfeiçoar a vertente social da ação do Estado junto de uma população em rapidíssimo processo de envelhecimento. A crise financeira e orçamental - tal como as três crises cíclicas já o haviam feito - põe tudo a andar para trás. Desta feita, de forma mais acentuada e gravosa, a coesão social está a ser duramente posta em causa e a centrifugar os mais fracos para a exclusão e a miséria. Qualquer análise séria o constatará. Tanto mais urgente se torna, assim, dar vida às empresas e ao crescimento económico..Debates valem votos?.São os debates na televisão decisivos ou não nas presidenciais americanas? As opiniões divergem. Quem garante que sim recorda o confronto em 1960 entre John Kennedy e Richard Nixon, com a telegenia do democrata a garantir-lhe a vitória nas urnas. Mas os céticos não precisam recuar tanto para tentar provar a sua opinião: em 2004, John Kerry foi dado como vencedor nos duelos decisivos com George W. Bush, mas mesmo assim o republicano acabou reeleito. .Este ano, a dúvida surgiu depois da vitória de Mitt Romney no primeiro debate com Obama. Mais à vontade do que o rival democrata, o candidato republicano surpreendeu e conseguiu que após a boa prestação televisiva as sondagens lhe desse vantagem. Agora, o segundo debate foi ganho por Obama, com o Presidente a mostrar a acutilância que lhe faltou no primeiro embate. Portanto, em termos de duelos televisivos, estão empatados. Nada decidido ainda, como mostram as sondagens. Mas falta ainda um terceiro debate antes do voto de 6 de novembro. Veremos se quem ganha na TV ganhará desta vez nas urnas.