A cimeira dos copofónicos
Só copos contei 28. É fazer as contas, eram sete chefes de governo das Europas do Sul, cada um com quatro copos à frente. É certo que mulheres, no almoço de ontem no palácio de El Pardo, não vi nenhuma. Mas bastava lá estar o François! E, esse, o francês das escapadinhas de mobylette, era, no grupo, o de ar mais pachola... Querem dizer-me que depois de terem virado a quinta garrafa de Marqués de Riscal Reserva Tempranillo, querem dizer-me que as mulheres não vieram à baila? Estou a ver o nosso António a provocar o estalajadeiro: "Ah, Mariano, las Lolas do Fontória! Porquié no las hay mas?"Costa não é do tempo do cabaret e, que o fosse, não é do género de o ter frequentado. Mas isto com os políticos o que importa é parecer - um político do Sul sem gajas, mesmo que só conversa de gajas, não vai longe. E aqueles tinham chegado a uma cimeira. O grego Tsipras quis saber junto do representante luso o que eram as Lolas. O nosso baralhou-se (já tinha sido aberta uma garrafa xerez das bodegas Barbadillo, um Versos 1891), pôs-se a cantarolar o Zorba e disse: "Eram como a Melina Mercouri no Nunca ao Domingo..." O italiano Paolo Gentolini tentava, com gestos, convencer Hollande, do outro lado da mesa, que para ir ter furtivamente com as amigas, nada como as lambretas. O maltês Muscat proclamava que ele próprio era uma casta de vinhos. Embaciado, o cipriota Anastasiades dormia sobre a mesa. Os colegas tiveram de o abanar para fazerem uma declaração conjunta sobre a Síria.