A cantora que enchia o palco sem abrir a boca

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Foi durante 30 anos a rainha dos papéis de soprano dramático de Wagner e de Strauss. Mas o trono era partilhado, porque havia... Birgit Nilsson. Curiosamente, ambas eram suecas (apesar de Varnay ser filha de húngaros) e nasceram com 22 dias de distância (Varnay era a mais "velha"). Em vida, foram sempre boas amigas e partilharam inúmeras vezes o palco, sobretudo o de Bayreuth, onde dominaram incontestadas nos anos 50 e 60. Ainda na morte se conservaram próximas: Nilsson falecera há pouco mais de oito meses.

Para a história ficará sempre a sua primícia operática: aos 22 anos, substitui à última hora Lotte Lehmann como Sieglinde numa produção do Met, diz a lenda que sem qualquer ensaio prévio. Data: 6/12/1941, véspera de Pearl Harbor. Seis dias depois, na mesma produção, substituía Helen Traubel, a Brünnhilde do elenco. Desde Rosa Ponselle que o Met não (ou)via uma coisa assim!

No início da carreira, foi ajudada e aconselhada por Kirsten Flagstad, então a soprano dramática wagneriana par excellence (apesar de Frida Leider). Estreia-se na Europa em 1948, no Covent Garden. Em 1951, "inaugura" a "Nova Bayreuth" de Wieland Wagner como Brünnhilde num Anel dirigido por Knap-pertsbusch (Flagstad era a Sieglinde). Subiria a "colina verde" todos os anos até 1968. Em 1955, troca os EUA pela Europa, fixando-se em Munique. A partir daí, Munique, Bayreuth, Berlim, Düsseldorf, Viena, Salzburgo e Paris serão os seus "centros". A sua última aparição em palco foi na capital bávara, como Ama num Boris Godunov, em... 1995!

À sua voz poderosa, capaz de um timbre escuro e de soar tanto acerada e lustrosa como rica, suave e aveludada, juntava Varnay uma linguagem corporal e facial que emprestava uma expressividade e intensidade únicas às grandes heroínas trágicas de Wagner e Strauss.

Deixa uma autobiografia e uma discografia vasta, feita sobretudo de gravações ao vivo.

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