A "Lurdinhas" que aos oito já brincava às entrevistas

Boa aluna, ponderada e organizada, deixou Faro e o sonho de ser veterinária para seguir jornalismo. Com 20 anos de carreira na TVI, fã de música, praia, marisco e do seu gato Roscas, as perguntas nunca lhe vão faltar: é supercuriosa.
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Quis ser veterinária durante a infância, por ser louca por animais, mais especialmente gatos. Também podia ter sido cantora, os bons genes musicais pairam pela família. Mas a paixão pelas notícias falou mais alto. Hoje, é uma das jornalistas mais conhecidas e acarinhadas, acumulando já 20 anos de carreira na TVI.

Nascida num frio dezembro, em Faro, no Algarve, onde cresceu junto dos pais, Francisco e Lurdes, donos de uma residencial e restaurante no centro da cidade, Lurdes Baeta era uma criança calma, observadora e até um pouco tímida na escola. Boa aluna, "fazia parte dos intelectuais da turma", ri-se o irmão da jornalista, Rui Beata. Mas era nos tempos livres, com ele, com quem ainda mantém uma forte ligação, que deixava a timidez de lado. "Brincávamos a tudo, na praia tínhamos jogos debaixo de água espectaculares, mergulhávamos, fazíamos rodas, criávamos coreografias. Fora de água, à apanhada, corridas. E lembro-me de que por volta dos oito anos brincávamos às entrevistas a fingir, gravávamos aquilo e riamos imenso a ver e ouvir aquilo, era muito engraçado", recorda Rui Beata, cantor lírico.

O negócio dos pais cedo a levou a contactar com turistas e culturas de todo o mundo, tendo aprendido relativamente cedo a falar inglês e francês. Sensível às artes, que sempre foram presença em casa - a avó Judite tocava piano - frequentou aulas de ballet, música, piano e ginástica, muitas delas no Conservatório Regional do Algarve, ao lado do irmão. A paixão pela escrita e por viagens - e o facto de não ser grande fã de matemática - levaram a pivô da TVI, que adora cantar, a deixar o sonho de ser veterinária para trás e, durante o ensino secundário, percebeu que o jornalismo era o seu caminho. Por isso, para matar a curiosidade, teve uma primeira experiência numa rádio local algarvia, como animadora do programa das manhãs, Café Expresso. Quando chega aos 18, chega à capital para estudar Comunicação Social na Universidade Nova de Lisboa. Mesmo sendo nova, a mudança para Lisboa foi, para si, uma experiência que adorou ao conhecer novas pessoas e os encantos da cidade.

Verão de 1993. Recém-formada, conseguiu entrar na TVI, que, com poucos meses, estava a fazer um refresh na sua equipa. Por sorte, o então novo programa de Artur Albarran, com o mesmo nome, precisava de um licenciado sem experiência para efetuar pesquisa para os programas. Foi assim a estreia de Lurdes Beata, num cargo que cumpriu seis meses. Quando o formato acabou, continuou como repórter na estação, tendo-se desdobrado em reportagens e diretos durante oito anos. Mas foi em 2001 que passou a ser uma cara habitual do ecrã, quando passou a apresentar o Jornal Nacional ao fim de semana. Júlio Magalhães, que acompanhou todo o percurso da jornalista enquanto esteve na TVI, até ao final de 2011, diz que o maior trunfo de Lurdes como pivô é a sua dedicação. "É das colegas mais leais que conheci até hoje. Nunca se meteu em confusões, tem uma imensa serenidade e preocupa-se em fazer o seu trabalho. O foco dela sempre foi esse, o trabalho. A Lurdes nunca deixou que a televisão e as luzes da ribalta lhe subissem à cabeça, e há poucas pessoas assim. É uma boa amiga, contei com ela em momentos difíceis na TVI", diz o agora diretor do Porto Canal.

Entre 2005 e 2008, a algarvia de 41 anos apresentou o noticiário de horário nobre em dupla, tanto com Pedro Pinto como com Pedro Bello Morais, e com a chegada da TVI24, em 2009, apresenta a Última Edição, passando para o Jornal Nacional do fim de semana na generalista. Raquel Matos Cruz, colega e amiga, desfaz-se em elogios para falar na colega e amiga. "Conhecia-a em 2000, quando entrei para a TVI. Ela é extraordinária, boa conselheira, muito ponderada, uma das mulheres mais completas que conheço. Como profissional, é a minha pivô preferida. Acho que a Lurdes geriu a carreira dela de forma muito inteligente, já fez muita coisa e fá-lo sempre bem. Ela pode ser reservada, mas tem uma gargalhada muito característica", diz a jornalista de Queluz de Baixo sobre a pivô que agora é uma das coordenadoras e apresentadoras das notícias da manhã e da tarde da TVI24. "Ela, quando ri, tem tendência a cair-lhe a lágrima, chora muito a rir. Lembro-me de um dia vê-la no jornal, ela deve ter tido um ataque de riso entre duas peças, porque quando voltou ao direto havia um risco na maquilhagem, olhei para ela e até me ri em casa", conta Raquel Matos Cruz.

João Maia Abreu, também jornalista na TVI, é outro que destaca a boa disposição de Lurdes. "Somos muito amigos e rimo-nos imenso, damos gargalhadas, às vezes nem dizemos nada um ao outro, basta rirmo-nos", diz. E acrescenta: "A Lurdes é uma jornalista garrida, incansável, nunca desiste de ir mais longe. Apesar dos anos de carreira, tenta sempre dar o seu melhor e esforça-se por se reinventar na forma de dar notícias e contar histórias. Pessoalmente, é muito querida, respeita e ajuda os colegas, é uma jornalista com J grande", frisa Maia Abreu.

A mulher que não gosta de levar o trabalho para casa e que é tratada pela família por Lurdinhas, é inseparável do marido, João Pedro Matoso, operador de imagem da TVI com quem está casada desde 1995, dos três filhos, Mariana (16), Sofia (oito) e João Pedro (cinco), mas também do gato Roscas que tem em casa. "Ela é mãe-galinha, mas também divertida e afetuosa", diz Rui Baeta. Nos tempos livres, adora atividades ao ar livre, praia, exposições e concertos. A música, de resto, é uma paixão. "Em adolescente, ela adorava o Prince e outros grupos alternativos dos anos 80 como os Madredeus, os Dead Can Dance. Hoje tem um estilo mais eclético", adianta ainda o irmão. Já nos petiscos, a jornalista perde-se por marisco. "Tanto eu como ela adoramos marisco, somos algarvios! (risos) Sempre que possível, há marisco na mesa, de preferência da ria Formosa!", ri-se o cantor lírico. "E os petiscos da nossa mãe, qualquer um deles, é uma ótima cozinheira", acrescenta.

Conceição Queiroz, colega da TVI, frisa: "Ela é muito cuidadosa com a alimentação." "A Lurdes é uma colega discreta, organizada e trabalhadora. Tem credibilidade, as pessoas lá em casa acreditam no que ela está a dizer no ecrã, a Lurdes tem isso, que é das coisas mais importantes. E é das editoras que ali temos que não grita, nunca ouvi a Lurdes gritar", remata a repórter.

Definir a irmã não é fácil, mas Rui Baeta atira: "Ela define-se pela persistência, lealdade, inteligência, sensibilidade e humor. Ah! E a maior de todas: curiosidade, é genuinamente curiosa sobre o mundo que a envolve!"

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