Manifestantes entraram em confronto com as forças de segurança um pouco por toda a França nesta segunda-feira, quando centenas de milhares de pessoas saíram às ruas no Dia do Trabalhador para expressar o seu descontentamento contra a mudança da idade da reforma imposta pelo presidente Emmanuel Macron..Os sindicatos esperavam uma grande participação nos protestos de 1º de maio para abalar ainda mais o presidente francês, que foi recebido com críticas e vaias nos últimos dias na sua viagem pelo país para defender as reformas e relançar o seu segundo mandato..Macron promulgou no mês passado uma lei para aumentar a idade de aposentadoria de 62 para 64 anos, apesar de meses de greves contra o projeto..Em Paris, manifestantes radicais incendiaram um prédio e lançaram projéteis contra a polícia, partindo ainda janelas de empresas como bancos e imobiliárias, com as forças de segurança a responderem com gás lacrimogéneo e canhões de água, testemunharam correspondentes da AFP..Um policial, atingido por um cocktail molotov, sofreu queimaduras graves na mão e no rosto, informou a polícia de Paris, que disse ainda que 46 pessoas foram presas, somente na capital, até meio da tarde..O governo atualizou no entanto os números para 291 pessoas detidas e 108 polícias feridos em toda a França..A polícia recebeu autorização de última hora para usar drones como medida de segurança depois de um tribunal de Paris ter rejeitado uma petição de grupos de direitos humanos para que eles não fossem usados..A polícia usou gás lacrimogéneo em Toulouse, no sul de França, quando as tensões aumentaram durante as manifestações, enquanto quatro carros foram incendiados na cidade de Lyon, no sudeste. Na cidade ocidental de Nantes, a polícia também disparou gás lacrimogéneo depois de os manifestantes terem lançado projéteis. As montras da loja de roupas Uniqlo foram vandalizadas.."Mesmo que a grande maioria dos manifestantes fosse pacífica, em Paris, Lyon e Nantes, em particular, a polícia enfrenta delinquentes extremamente violentos que vieram com um objetivo: matar policiais e atacar a propriedade de outros", disse o ministro do Interior, Gerald Darmanin, no Twitter..Os manifestantes ocuparam brevemente o luxuoso hotel Intercontinental na cidade de Marselha, no sul, quebrando vasos de flores e danificando móveis..Cerca de 782.000 pessoas protestaram em toda a França, incluindo 112.000 somente em Paris, disse o Ministério do Interior. O sindicato CGT disse que contou com 2,3 milhões de manifestantes em toda a França, incluindo 550.000 na capital..A participação foi massivamente maior do que no 1.º de maio do ano passado..Macron e o seu governo tentaram virar a página em relação aos meses de descontentamento popular, na esperança de relançar o seu segundo mandato depois de a reforma ter sido validada.."A página não será virada enquanto não houver retirada desta reforma previdenciária. A determinação de vencer está intacta", disse a chefe da sindical CGT, Sophie Binet, no protesto em Paris.."A mobilização ainda é muito, muito forte", acrescentou Laurent Berger, chefe do sindicato CFDT. "É um sinal de que o ressentimento e a insatisfação não estão a diminuir.".Esta segunda-feira marcou a primeira vez desde 2009 que todos os oito principais sindicatos de França se juntaram para convocar protestos..Ativistas ecológicos radicais do Extinction Rebellion espalharam tinta laranja na fachada do chamativo museu da Fondation Louis Vuitton em Paris, que é apoiado pela gigante de artigos de luxo LVMH..Numa ação separada de outro grupo de protesto ambiental, ativistas borrifaram tinta laranja ao redor da Place Vendôme, no centro de Paris, conhecida pelas suas joalharias, visando a fachada do Ministério da Justiça..Desde meados de janeiro que a França tem sido abalada por uma dúzia de dias de greves e protestos em todo o país contra Macron e as suas mudanças nas pensões..Quando Macron compareceu na final da Taça de França de futebol, no sábado, foi recebido por ativistas com cartões vermelhos..Quase três em cada quatro franceses estão insatisfeitos com Macron, revelou uma sondagem do grupo de pesquisas IFOP no mês passado..A primeira-ministra Elisabeth Borne, com o apoio de Macron, invocou em março o controverso artigo 49.3 da constituição para forçar a reforma da previdência no parlamento sem votação na Câmara dos Deputados..Na Place de la Republique, onde a marcha de 1.º de Maio começou na capital francesa, um enorme colete com o slogan "Macron renuncie" foi fixado na estátua gigante que simboliza a república francesa.