Rússia declara Greenpeace uma organização indesejável no país

A Rússia considerou a ONG Greenpeace como "uma ameaça para os fundamentos da ordem constitucional e para a segurança", afirmando que tem trabalhado para difundir "propaganda antirrussa".
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A Rússia declarou esta sexta-feira a Greenpeace indesejável, uma medida que proíbe efetivamente as atividades da organização ambientalista no país, no meio de uma repressão de vozes críticas desde a invasão russa da Ucrânia.

A procuradoria-geral russa declarou, num comunicado, que a organização não-governamental (ONG) com sede nos Países Baixos representa "uma ameaça para os fundamentos da ordem constitucional e para a segurança" da Rússia.

Considerou também que, desde o início da guerra na Ucrânia, há 15 meses, a Greenpeace tem trabalhado para difundir "propaganda antirrussa", e para promover "um maior isolamento económico" e o reforço das sanções internacionais.

O Ministério Público acusou a Greenpeace de financiar organizações russas descritas pelas autoridades como "agentes estrangeiros", de encorajar a interferência nos assuntos internos da Rússia e de procurar "minar as bases económicas" do país.

Segundo a acusação, a ONG desenvolve campanhas para "impedir a realização de projetos rentáveis de infraestruturas e energia" para a Rússia.

A secção russa da Greenpeace, criada em 1992, tem trabalhado para sensibilizar para as alterações climáticas, combater os incêndios florestais, lutar contra a poluição e preservar as espécies animais ameaçadas, segundo a agência francesa AFP.

O Ministério Público remeteu o processo para o Ministério da Justiça, para que a Greenpeace seja incluída na lista de ONG cujas atividades são reconhecidas como indesejáveis em território russo.

A legislação russa permite limitar ou proibir a atividade de organizações com base em considerações ambíguas relacionadas com a origem dos respetivos fundos ou as atividades no país, de acordo com a agência espanhola Europa Press.

Em geral, são visadas organizações cujo trabalho é considerado contrário aos interesses do Estado ou comprometer a segurança nacional.

O processo contra a Greenpeace foi iniciado por um grupo de deputados russos em novembro de 2022, nove meses depois de a Rússia ter invadido a Ucrânia.

A decisão anunciada agora resultou do "estudo de materiais" enviados pelos deputados que apresentaram a queixa contra a ONG.

Na Rússia, segundo a ONG especializada OVD-Info, as organizações classificadas como indesejáveis estão proibidas de abrir estruturas, realizar projetos e divulgar informações.

Desde o início da ofensiva na Ucrânia, em 24 de fevereiro de 2022, as autoridades russas aceleraram consideravelmente a repressão das vozes críticas, segundo a AFP.

Longe de se limitar à oposição política, esta repressão afeta todas as áreas, como os círculos culturais e as organizações ambientais.

Em março, o Fundo Mundial para a Natureza (WWF, na sigla em inglês) foi classificado como "agente estrangeiro" por Moscovo, um estigma que dificulta muito as suas atividades na Rússia.

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