'Uma concorridíssima' festa dupla para apresentar o Casino Estoril
O Casino Estoril abriu as portas pela primeira vez a 15 de Agosto de 1931. A festa de inauguração chamou "gente da primeira sociedade de Lisboa e a fina flor dos veraneantes da Costa do Sol" e não faltou "larga representação oficial, figuras do corpo diplomático, assistência mundana, muitíssimas senhoras" - como relatava o DN à data dos acontecimentos. "Parada fulgurante de fardas, de casacas, de smokings e dos mais elegantes vestidos da estação." Os fins eram nobres, as receitas da festa revertiam para a Assistência Nacional aos Tuberculosos.
O espaço maravilhava os convivas. "Magnificamente instalado". Salas "modernas e sumptuosas". Lindas mobílias, fornecidas pela Casa Nascimento do Porto.
Houve banquete de gala com números de variedades e "algumas dezenas de pares enchendo o curto recinto entre as mesas". Cerca da meia-noite, teve início o concerto com a orquestra dirigida pelo maestro Paulo Manso a acompanhar a voz de Manuela Pinto Basto. Leram-se versos de João Penha, Júlio Dantas e Matos Sequeira. Seguiu-se a representação de Serão Romântico, de Baltazar Coelho, pela companhia Amélia Rey Colaço-Robles Monteiro.
A audiência tinha superado todas as expectativas: "Muita gente, que não cabe na sala de espectáculo, enche os restantes salões do Casino. Anseia-se pelo baile." A partir da 01.00, serviu-se uma "ceia à americana". O baile seria mais tarde e arrastou-se madrugada dentro com "extraordinária animação". "A noite é de festa, uma concorridíssima e brilhante festa de caridade, em que estiveram no Casino Estoril milhares e milhares de pessoas."
O Casino volta a inaugurar
O presidente Américo Tomaz inaugurou, a 28 de Março de 1968, o "moderno centro de atracção turística da Costa do Sol". Compareceu pelas 16.00, juntando-se às "centenas de convidados" presentes. Percorreu o edifício, construído em "tempo recorde", menos de três anos, e assistiu ao filme da inauguração da nova sala de espectáculos.
No dia seguinte, um baile de gala para convidados e um espectáculo com "o maior cartaz da canção portuguesa que é Amália" abrilhantava o evento, para além de artistas internacionais, abrindo oficialmente a nova sala de espectáculos do Estoril. O show repetiu-se por mais três noites de gala para o grande público.
O novo Casino Estoril, com uma área de 10 400 metros quadrados, custou, na época, 85 mil contos, mais 60 mil do que o previsto inicialmente.
Dotado de "um moderno cinema aberto ao teatro" com uma "luxuosa plateia para 452 espectadores", uma "boîte para 300 pessoas", uma sala- -restaurante, "última palavra na técnica de luz, de som e de palcos elevados", dois pisos destinados a serviços e zona de jogos - passada a zona "de controlo de identificação", a sala principal com "mais de mil metros2 e cinco belos lustres a conferirem-lhe impressionante grandiosidade", estavam "as mesas de roleta, banca francesa, bacará-chemin de fer e craps. Há ainda uma sala privada para bacará-bancado, a qual, pelo seu ambiente de luxo requintado, completa o cunho mundano da zona de jogos". As esculturas de Jorge Vieira, Lagoa Henriques e António Duarte, as tapeçarias de Maria Keil, Querubim Lapa e Fred Kradolfer, adornavam o espaço.
Para assinalar a data, a estação de Correios do Estoril tinha um carimbo alusivo à inauguração do casino que seguiu na correspondência. SN