'Boss' contra 'Terminator' na batalha pelos 20 votos do Ohio

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No quartel-general do Partido Republicano em Cleveland, por entre cartazes Bush-Cheney e panfletos sobre as diferenças entre o Presidente e John Kerry, não há tempo para descansar. No edifício da Superior Avenue, os elementos da campanha de George W. Bush preparam materiais de propaganda e esforçam-se por convencer via telefone os eleitores a votar.

«Vai ser uma batalha dura. Mas o Ohio vai ajudar o Presidente Bush a ser reeleito», afirma Jeff Flint, porta-voz republicano para este estado do Médio Oeste, que todas as sondagens mostram estar indeciso sobre em quem votar na terça-feira.

Com os seus 20 votos no colégio eleitoral, o Ohio é uma presa apetecível tanto para Bush como para Kerry.

O Presidente ganhou aqui há quatro anos, com uma vantagem de três por cento sobre Al Gore, e cumpriu a velha tradição: nunca um presidente do Partido Republicano foi eleito sem ter triunfado no Ohio. Mas também desde 1960 que ninguém vai para a Casa Branca sem vencer neste estado.

Por isso, nos últimos dias, os candidatos têm vindo a fazer campanha no Ohio trazendo os seus trunfos: Kerry veio na quinta-feira com o boss Bruce Springsteen, Bush apostou no actor e governador da Califórnia, Arnold Terminator Schwarzennegger, para um comício na sexta-feira. Kerry planeia, aliás, estar em Cleveland nesta segunda-feira, véspera da ida às urnas, para uma nova operação de charme. Decisiva?

Jimmy Marino já decidiu. Vai votar Bush, como em 2000. Para este barbeiro de 35 anos, «não se muda de comandante a meio de uma guerra». Um argumento muito usado pelos apoiantes republicanos, e mais repetido depois de Ussama ben Laden ter surgido, há dois dias, em vídeo, a ameaçar de novo os Estados Unidos.

Mesmo admitindo que a economia no Ohio está com problemas, Marino considera a segurança nacional como «o tema mais importante desta campanha».

Flint, o porta-voz de Bush, admite que a economia do Ohio «está um pouco mais fraca», mas realça que «estão a ser criados empregos e que, num segundo mandato de Bush, essa tendência vai acentuar-se».

Galen Schuerlein discorda totalmente. Esta advogada de 33 anos e directora da campanha para a aprovação em referendo, também no dia 2, de um reforço das verbas na educação, realça que «Cleveland é apontada como a cidade número um da América em termos de pobreza. Uma das cidades com mais sem-abrigo». E, além da deslocalização das empresas, aponta também o dedo aos cortes orçamentais do Governo Federal: «As decisões de Bush já se fizeram sentir na cidade - 250 polícias e 70 bombeiros foram dispensados».

Terça-feira será também referendada uma emenda à constituição estadual a proibir o casamento homossexual. Polémica, porque ameaça afectar todas as uniões civis, a proposta é contestada pelos democratas e pelas principais figuras republicanas do Ohio, incluindo o governador Bob Taft.

«Todos sabemos porque existe este referendo», grita, num comício frente à Tower Center, o representante democrata Mike Skindall. «É uma jogada de Bush para animar os fundamentalistas cristãos a virem votar. Quando se tem medo de perder, vale tudo.»

Flint prefere não comentar a acusação, admitindo apenas que «esta proposta não é unânime no Partido Republicano».

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