'007 Skyfall': Aos 50 anos 007 tem ordem para ressuscitar

Em 'Skyfall', filme realizado por Sam Mendes, James Bond, interpretado por Daniel Craig pela terceira vez, volta do mundo dos mortos para enfrentar uma nova ameaça.
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Filme: 007 Skyfall (Reino Unido, 2012)

Realizador: Sam Mendes

Distribuidora: Zon Lusomundo

Elenco: Daniel Craig, Javier Bardem, Judy Dench, Ralph Fiennes, Naomie Harris, Bérénice Marlowe.

Classificação: 4 / 5

Sinopse: Desaparecido após uma perseguição em Istambul, James Bond regressa ao serviço numa altura em que a hierarquia coloca em causa a liderança de M, que parece ser o alvo de uma ameaça.

A certa altura de Skyfall, o novo filme de 007, o vilão, Raoul Silva (Javier Bardem), pergunta a James Bond (Daniel Craig): "Toda a gente tem um hobby. Qual é o seu?". Ao que o agente secreto de Sua Majestade responde simplesmente: "A ressurreição".

Bond bem pode dizê-lo, porque em Skyfall, realizado por Sam Mendes e que comemora os 50 anos da chegada da personagem de Ian Fleming ao cinema (o filme de estreia foi 007-Agente Secreto, de Terence Young, em 1962), ele é dado por morto na Turquia, depois de uma ordem arriscada de M e de um tiro falhado da agente que o acompanhava.

Aliás, não é a primeira vez que James Bond "ressuscita". Já o tinham dado por morto em 1989, depois dos resultados medíocres do segundo e último filme com Timothy Dalton, 007-Licença para Matar, juntamente com a queda do Muro de Berlim e do fim da Guerra Fria. E ele regressou, com Pierce Brosnan e um novo fôlego. E também se tinha anunciado o fim da série 007, quando em 2010 a MGM, estúdio que a produz, em parceria com a Danjac e a Eon, declarou bancarrota, a produção de Skyfall foi suspensa por tempo indeterminado e o lendário estúdio de Leo, o leão que ruge, quase fechou as portas. Mas isso não aconteceu e James Bond regressou, com Daniel Craig na sua terceira participação na personagem.

Ele sobrevive a tudo. Não só aos múltiplos vilões que o querem eliminar, como também à inevitável e regular mudança de atores, à Guerra Fria, ao fim do comunismo, ao pós-11 de Setembro, à falência dos grandes estúdios, ao ódio dos esquerdistas e à bílis dos detratores, às canções-tema sofríveis, à crise internacional e, em Skyfall, a uma bala amiga mal apontada, ao obituário escrito por M, à sugestão do novo supervisor dos serviços secretos britânicos (Liam Neeson) para que se reforme e ao vilão pernóstico, psicopata e com um grave problema de dentição interpretado por Bardem. Afinal, o herói de acção mais sofisticado, cosmopolita e implacável do Ocidente não ia meter os papéis da reforma na altura em que comemora meio século de bons e leais serviços, com um registo de 100 por cento de eficácia, pois não?

Neste filme dos 50 anos, Bond anda pelo mundo, como é seu apanágio, saltando de Istambul (uma homenagem ao segundo filme da série, 007-Ordem para Matar, entre outras referências "internas" que o filme contempla) para Xangai e para Macau, mas depois volta a casa, ao Reino Unido e a Londres, e também à casa onde a personagem nasceu. Em Skyfall, 007, e a própria série, voltam às suas origens e reexaminam-nas. Não para decidir que o crepúsculo é inevitável e inelutável (os filmes de James Bond são os únicos filmes de acção onde se recita Tennyson com toda a propriedade), mas sim para reagrupar forças, contra-atacar e esmagar a ameaça que se aproxima.

Sam Mendes realiza um filme de James Bond pela primeira vez (e já disse que poderá repetir, se os resultados comerciais e críticos forem bons); o argumento é dos habituais Neal Purvis e Robert Wade, sobre uma primeira versão de Peter Morgan; a fotografia tem a assinatura de Roger Deakins, colaborador regular de Mendes e dos irmãos Coen; a banda sonora é de Thomas Newman; Chris Corbould supervisiona os efeitos especiais pela 12ª vez num filme de 007 e toda a restante "família James Bond", dos produtores e meios-irmãos Michael Wilson e Barbara Broccoli, às dezenas e dezenas de técnicos, asseguram que a complexa máquina cinematográfica está bem oleada e a funcionar em pleno, com o CEO Daniel Craig à frente a apontar o caminho e a disparar a sua Walther PPK.

50 anos, 23 filmes e 6 actores depois, 007 continua a dizer "Presente!" à chamada e a cumprir como no primeiro dia. E o que não o mata deixa-lhe algumas nódoas negras, cicatrizes e pontadas no coração, mas não há a menor dúvida que o torna mais forte.

Veja aqui o trailer:

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