"Dá-me o seu votinho? Precisamos de passar os dez [por cento]...". Paulo Portas saiu ontem pela primeira vez à rua para pedir o voto aos portugueses. Ao quarto dia de campanha, o líder do CDS/PP escolheu o distrito de Aveiro para o primeiro "teste de popularidade" junto da população. O mesmo é dizer que escolheu "jogar em casa" o regresso às feiras de Paulo Portas, agora com uma pose bem mais institucional, fez-se num dos maiores bastiões dos populares, a que ontem, citando Amaro da Costa, chamaram mesmo a "capital do CDS"..Pela campanha dos centristas passaram ao longo da manhã as inevitáveis esferográficas, os autocolantes, os sacos de plástico, os bombos a animar a passagem do líder - os tais ingredientes que Santana Lopes diz que já não se usam. Portas não subscreve. "Há um lado popular na campanha", referiu o presidente do CDS/PP, avisando que "não estar com o povo e não gostar do povo" é uma "recomendação para o desemprego de um político". "Em democracia o soberano é o povo e quem não saiba estar com ele o melhor é mudar de ramo", frisou. Um alerta dirigido a Santana? Portas diz que não. E garante até que ninguém encontrará no seu discurso, até às eleições, "qualquer vírgula que signifique uma polémica com o PSD". .ESTREIA. Feira de Bustos (junta de freguesia do CDS), concelho de Oliveira do Bairro (câmara do CDS), 09.15 "Aí vem o Paulinho", ouve-se logo à entrada. Não foi exactamente assim: o "Paulinho das Feiras" da campanha para as legislativas de 2002 deu definitivamente lugar ao "candidato a primeiro-ministro". Um Paulo Portas mais institucional que, em passo rápido, foi distribuindo sorrisos e uns contidos "bom dia" pelos feirantes. A recepção foi cordial (excepção feita a um "vocês andam todos a portar-se muito mal"), mas Portas pouco entrou em diálogos. Uma das excepções: "Tem a mesma cara que na televisão", dirigiu-lhe uma feirante. "Uma só cara, com mais obra", respondeu o líder do CDS..À feira de Bustos seguiu-se o mercado de Vale de Cambra - sempre com os destinos envoltos no maior secretismo. "Não dou informação prévia. Não mando actores contratados às iniciativas dos outros partidos, também não os quero nas minhas", explicou Portas. Não se viram o líder democrata-cristão teve bom acolhimento, numa cidade com câmara social-democrata. Ouviu críticas a José Sócrates - e garantiu que lhe daria o recado se o líder socialista aceitasse debates, "que não aceita..." - , mensagens de boa sorte e ouviu também um ex-combatente perguntar-lhe porque não recebeu ainda a pensão prometida pelo ministério da Defesa. Paulo Portas garantiu-lhe que irá receber..Recusando qualquer "receio do povo", o líder democrata-cristão atribuiu ao período de Carnaval o facto de só ontem ter iniciado acções de rua. E justificou que, como "partido de Governo", o CDS/PP está "obrigado" a fazer também uma campanha institucional, explicando as medidas para o Executivo.