"Provámos não ser preciso muito tempo para fazer uma boa equipa"

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Alex Ferguson e Arsene Wenger demoraram meia dúzia de anos a ganhar o estatuto de topmanager em Inglater-ra. Você parece precisar apenas de seis meses, embora digam que é porque você tem muito dinheiro para gastar no Chelsea...

Eles também têm. Esquecem-se que, quando o Ferguson conseguiu projectar o Manchester United, foi buscar Peter Schmeichel, Eric Cantona, Roy Keane novo, depois numa fase posterior o Rio Ferdi-nand, agora ultimamente Wayne Rooney, Cristiano Ronaldo, o Ar-senal foi buscar os melhores jogadores que havia... quer dizer, essa não é a desculpa porque aqui toda a gente tem dinheiro. Uns podem ter mais do que outros, mas todos têm dinheiro. Acho que houve uma conjugação de factores boa escolha dos jogadores, a ambição de um director executivo (Peter Kenyon) - que se troca um Manchester pelo Chelsea é porque quer continuar a ganhar, não é porque quer ganhar mais dinheiro -, um treinador que, se escolhe o Chelsea, quando tem à escolha as três ou quatro melhores equipas do mundo, é porque acredita que é o melhor sítio para vir. E depois um clube aberto à mudança e com disponibilidade financeira para a mudança.

Mas você chegou aqui ao topo em meia dúzia de meses?

Sim , mas isto não é uma equação matemática, um dia não vou conseguir. No FC Porto demorou para aí quatro meses. Quando chegámos lá, em Janeiro de 2002, encontramos uma realidade, em termos de equipa de futebol, não de clube, que apetecia voltar para Leiria. Há sítios onde vai demorar mais, há outros onde vai demorar menos, há sítios onde não nos vão dar o tempo que precisamos e vão-nos dar guia de marcha antes de o conseguirmos. Depende das realidades. Até agora temos conseguido as coisas de uma forma rápida, mas vai haver um dia em que não vamos conseguir. Ou por inapti- dão nossa, ou por inadaptação, ou porque o grupo não nos aceita, não se adaptou e não se disponibili- zou para ser aberto à mudança, ou porque os clubes puseram alguns entraves a algumas modificações que nós queríamos fazer? Acho que não é tão linear assim, mas de facto rompemos com a velha máxima de que é preciso muito tempo para fazer uma equipa e atingir os objectivos.

Pode dizer-se que ainda há uma pequena névoa de dúvida a pairar sobre a sua qualidade em Inglaterra e que só o título inglês dissipará?

Para mim não falta nada, porque eu não estou nada preocupado com isso. O meu discurso à chegada foi "forte" precisamente porque não faz sentido haver pequenas névoas sobre pessoas que ganharam, que já provaram o valor. Mas acho que isso faz parte do futebol, uma pessoa perde um jogo e põe-se uma nevoazinha, é estrangeiro, põe-se outra nevoazinha. Acho que o futebol é mesmo assim.

Sente o título inglês muito próximo?

Não. Em Portugal quando tínhamos cinco pontinhos de avanço, já sabíamos que éramos campeões. Cinco pontinhos já eram suficientes, já estava. Aqui é diferente, nós olhamos para este calendário que temos aqui e, até final da época, isto é um absurdo. Mas é evidente que ter dez pontos de avanço é obra, permite-nos cometer um er-ro, ou até perder dois jogos seguidos - o que pode acontecer num mau momento da temporada - e continuar na liderança.

O seu optimismo fá-lo acreditar que pode pode ganhar tudo [campeonato, Liga dos Campeões, Taça de Inglaterra e Taça da Liga] esta época?

É muito difícil, porque vai chegar o dia em que vamos perder. Sabemos que vamos perder um jogo, ou dois, agora falta saber se esses jogos são da Premier League, e aí tudo bem, porque a vantagem nos permite um deslize, ou da Taça da Liga ou da FA Cup, e aí somos atirados para fora. Depende do momento em que aparecer a derrota.

É verdade que o prémio previsto no seu contrato, para o caso de ganhar tudo no final da época, ultrapassa a fasquia dos cinco milhões de euros?

Não sei, não sei... acho que nunca olhei para o contrato. Isso está acordado há seis meses, mas sinceramente não me lembro dos valores, porque só olhei para o contrato no início da época e depois voltei a metê-lo na gaveta. Mas tenho ideia de que não é assim tão alto, nem por sombras. Mas é um bom prémio.

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