"Os desenhos antigos é como se fossem de outra pessoa"

Desenhos de várias obras do arquitecto português podem ser vistos desde ontem na galeria João Esteves Oliveira, no coração do Chiado, zona recuperada, aliás, a partir de um projecto seu.
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Desenho de "trabalho" e de "estudo", segundo Álvaro Siza Vieira, integram a exposição "Todas as Cidades são a Minha Cidade", inaugurada ontem pelo arquitecto, vencedor de um prémio Pritzker. Lançado o desafio de os mostrar, aceitou por julgar que ainda que ainda não se tinha feito e porque acha importante "falar-se sobre arquitectura"

As obras, mais de 40, ganham em "espontaneidade" e, frisa, "a escolha foi feita com a preocupação de abranger um percurso". Os primeiros datam do final dos anos 50 (a Casa de Chá da Boa Nova, em Leça da Palmeira, por exemplo). "Os mais antigos é como se fossem de outra pessoa", reconhece Siza Vieira.

Confrontou-se com o facto há uns anos quando lhe foi pedido que fizesse uma intervenção na Casa de Chá. "Queria mudar isto e para mudar tinha de mudar outra coisa e às tantas tinha de mandar tudo abaixo", conta. Finalmente, optou por não o fazer. "O todo tinha uma coerência", diz, acrescentando que tinha essa sensação de 'foi outro que fez'. "Não é legítimo fazer mudanças", concluiu.

Em pleno Chiado, onde está a galeria que agora expõe os seus desenhos, Siza Vieira lembra, de resto, o trabalho de recuperação da zona do Chiado após o incêndio de 1988: "Quem o faz tem de apagar a sua personalidade por respeito ou admiração pelo que está feito". E, no caso concreto da Baixa, remata: "Tive o cuidade de manter a arquitectura pombalina. É uma arquitectura com grande coerência. Sabia que ia piorar [se fizesse alterações]",

Na exposição podem ser vistos desenhos que precederam alguns dos projectos de Álvaro Siza Vieira como o Pavilhão de Portugal (Lisboa), Casa de Chá (Leça da Palmeira), Bairro de S. Victor (Porto), Bairro da Malagueira (Évora).

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