"Mugabe não deve falhar cimeira"

Publicado a
Atualizado a

O histórico político moçambicano Marcelino dos Santos entende que "não deve haver qualquer impedimento à presença de nenhum chefe de Estado africano na cimeira entre a União Europeia e África, a realizar em Dezembro, tal como não deve suceder com nenhum líder europeu".

Numa altura em que o primeiro-ministro britânico, Gordon Brown, afirma que não irá à cimeira se o Presidente do Zimbabwe, Robert Mugabe, estiver presente, o fundador da Frelimo disse ontem, numa conferência na Universidade Lusófona do Porto, que a Europa deve "aceitar aquilo que são as regras da União Africana".

Numa sessão onde abordou as relações entre a Europa e a África, Marcelino dos Santos disse que "é preciso curar esta ferida" e que "a Europa e a África precisam de se entender". "Vamos aproveitar a porta aberta para chegarmos a um entendimento. Temos muito trabalho a fazer no quadro do desenvolvimento económico africano", acrescentou, elogiando os esforços feitos por Portugal para a realização da cimeira.

Para este moçambicano, políticos europeus e africanos ainda têm um longo caminho pela frente, nomeadamente no que diz respeito ao "significado das palavras". E exemplificou com o Tribunal Penal Internacional. "O que é que isso quer dizer? Que se um dirigente cometer um erro terá de ser julgado na Europa? Não podemos aceitar isso, temos as nossas leis, que foram feitas também à luz do que é a nossa cultura", explicou.

Actualmente membro do Conselho de Estado moçambicano, Marcelino dos Santos disse que, para si, Europa e África só vão conseguir entender-se quando se perder uma visão colonialista. E ilustrou com uma afirmação recente e pública de um responsável do Ministério dos Negócios Estrangeiros britânico, segundo o qual o continente africano deve ser ajudado a consumir mais. "Porque é que não nos ajudam antes a produzir mais?", questionou. |

Artigos Relacionados

No stories found.
Diário de Notícias
www.dn.pt