Hoje, 10 de Junho, Dia de Portugal, os portugueses não irão sair à rua. Amanhã, dia de Portugal-Angola, talvez. Temos um patriotismo reservado ao futebol? António Costa Pinto acha que não. "Os portugueses são patriotas, mas não têm um patriotismo agressivo, contra o exterior", afirma. Para Costa Pinto, é "errada" a impressão de que, em Portugal, o patriotismo apenas está associado ao futebol. "Isso é errado. Se pudéssemos exportar identidade nacional, estávamos ricos", diz..Somos, no entanto, sóbrios nos actos simbólicos do patriotismo. António Costa Pinto atribui o facto aos "símbolos serem relativamente recentes e associados ao Estado". "A maior parte dos símbolos nacionais são de 1910. Os republicanos desempenharam um papel muito importante na associação da nação ao império e à cidadania. O Estado Novo acrescentou-lhe a Igreja Católica." O historiador afirma que todos os inquéritos de opinião realizados a partir dos anos 80 demonstram que "os portugueses têm orgulho nacional": "O mundo dos nossos estudos de opinião pública não coincide com a conversa dos opinion-makers". Agora, "os portugueses não têm nem nunca tiveram exteriorização de símbolos nacionais"..Daí a surpresa (mas também a adesão) quando o seleccionar nacional, o brasileiro Luiz Felipe Scolari, apelou ao desfraldar de bandeiras nacionais nas janelas para apoiar a equipa no Euro 2004. . Paulo Teixeira Pinto, presidente do BCP, vai hoje discursar na ho-menagem ao combatente, em Belém. Não é a primeira vez que um empresário é convidado para discursar na cerimónia (Jardim Gonçalves e Miguel Horta e Costa já tinham sido) mas é a primeira vez que um não combatente o faz. Mas, aos 44 anos, Teixeira Pinto é um dos responsáveis pela revalorização da ideia de nação no contexto político. A expressão abundava na mo- ção que redigiu para um congresso do PSD e que serviu de base ao ensaio "Um dever chamado futuro"..Ao DN, Paulo Teixeira Pinto assinala que "o 10 de Junho é o dia de Portugal e não o dia 'deste país'". O presidente do BCP reconhece um "certo trauma" nacional nesta matéria, à excepção das "manifestações futebolísticas"..Teixeira Pinto assinala o facto da expressão pátria "ter caído em desuso, ser quase um arcaísmo": "Mesmo nação já se usa pouco". E, no entanto, acentua, "a coincidência entre Estado e Nação é uma ventura que o povo português tem, a que nunca demos o devido destaque". Para Teixeira Pinto, isso deriva de "traumas" que associam o patriotismo a "um atributo da direita": "Reconheço patriotismo em pessoas de todas as áreas políticas". Nas Presidenciais, "Manuel Alegre foi o que mais acentuou a palavra pátria". Teixeira Pinto rejeita a politização: "É abusivo rejeitar o patriotismo por ser 'de direita' e ainda é mais abusivo adoptar o patriotismo como ideologia. O patriotismo abrange todos"..Hoje, ao lado dos combatentes, Teixeira Pinto vai homenagear os soldados portugueses, mas também "os combatentes do outro lado": "Cada um fez aquilo que julgava ser o seu dever num determinado momento", diz.